“Os países desenvolvidos têm de assumir a liderança”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, depois de se reunir em privado com cerca de 40 líderes mundiais para advertir que existe “um alto risco de fracasso” na cimeira climática marcada para novembro em Glasgow.
Também o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que se declarou “cada vez mais frustrado”, apelou aos países mais ricos para que cumpram o compromisso de alocar os prometidos 100 mil milhões de dólares (mais de 85.200 milhões de euros) por ano para financiar a luta contra as ações climáticas nos países em desenvolvimento.
Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o financiamento está longe do objetivo, situando-se em 79,6 mil milhões de dólares em 2019.
“Estamos todos de acordo que é necessário fazer qualquer coisa, mas reconheço que estou cada vez mais frustrado com o facto de essa ‘qualquer coisa’ com o qual muitos de vós se comprometeram não ser suficiente”, disse Boris Johnson numa mesa-redonda com chefes de Estado, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, que decorre em Nova Iorque, Estados Unidos.
“São as maiores economias do mundo que causam o problema, enquanto as mais pequenas sofrem as consequências”, acrescentou.
Londres, que prometeu alocar 15 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos, anunciou que, desse montante, 750 milhões de dólares se destinam a ajudar os países em desenvolvimento a reduzir emissões e pôr fim ao uso do carvão.
“Os países ricos recolheram os frutos de uma poluição ilimitada ao longo de gerações, frequentemente à custa dos países menos desenvolvidos”, sublinhou Boris Johnson.
“Agora que esses países começam a desenvolver as suas economias de forma correta, verde e duradoura, temos o dever de os apoiar com a nossa tecnologia, com o nosso conhecimento e com o dinheiro que prometemos”, disse ainda.
A mesa-redonda integra a cimeira sobre o clima organizada pela ONU e acontece alguns dias depois do secretário-geral António Guterres ter alertado contra um aquecimento global “catastrófico”.
De acordo com um relatório recente da ONU, limitar o aquecimento global a 1,5 graus centígrados é impossível sem uma redução imediata e massiva de emissões de gases com efeito de estufa.
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