Perante os membros do órgão máximo da ONU, Mark Lowcock, subsecretário-geral para os Assuntos humanitários e Coordenador da ajuda de emergência, informou os 15 Estados-membros do Conselho de Segurança sobre a “grave e deteriorada situação humanitária no nordeste da Síria, devido aos intensos bombardeamentos aéreos e de artilharia e aos combates” a que todos assistem.
De acordo com dados do Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas citados por Lowcock, morreram pelo menos 81 civis entre 15 e 23 de janeiro, na maioria mulheres e crianças, para além dos mais de 1.500 civis que perderam a vida desde o início da escalada de violência na região de Idlib, noroeste da Síria, o último grande bastião dos grupos rebeldes e formações ‘jihadistas’.
Na terça-feira, com a cobertura da aliada Rússia, o exército sírio recuperou a estratégica cidade de Maarat al-Numan, reforçando o seu controlo no sul dessa província e das rotas de comunicação com o noroeste do país.
Lowcock sublinhou que apenas nos dois últimos dias, pelo menos 20.000 pessoas abandonaram a região, e quando 390.000 sírios já abandonaram as zonas onde viviam desde dezembro, sendo muitas forçadas a deslocar-se de novo devido ao alastramento dos combates.
Nesse sentido, advertiu que nas atuais circunstâncias, as organizações humanitárias “não têm capacidade de responder ao nível das necessidades” e solicitou “um acesso seguro e sem entraves aos trabalhadores humanitários e de alimentos e medicamentos para atender às necessidades essenciais dos civis”.
No total, cerca de 400.000 produtos médicos estão bloqueados no lado iraquiano de Al Yarubiyah, junto à fronteira comum, e destinadas a 70.000 deslocados devido às operações militares de outubro, e de outras 90.000 pessoas que vivem em acampamentos improvisados”.
A Rússia e o regime sírio consideram que os corredores humanitários das Nações Unidas desrespeitam a soberania da Síria e exigem que toda a ajuda passe por Damasco e seja diretamente controlada pelas autoridades.
Em 10 de janeiro, o Conselho de Segurança renovou o sistema de entrega de ajuda humanitária à Síria, mas as quatro passagens fronteiriças foram reduzidas a duas.
Para além da situação de crise humanitária, Lowcock referiu-se à “situação económica da Síria que coloca cada vez mais dificuldades aos civis em todo o país”.
Assim, mencionou a desvalorização da libra síria, que caiu para metade do seu valor em diversas regiões nos últimos seis meses, e revelou que o valor de um dólar disparou até às 1.100 libras sírias, quando antes da guerra se situava em 50 libras.
A inflação também se multiplicou e afeta muitos produtos básicos, como pão, cujo preço “duplicou nos últimos meses”.
“Se não forem travadas as atuais hostilidades, assistiremos a uma maior catástrofe humanitária. Espero que tomem todos os passos para evitá-la”, conclui Lowcock na sua intervenção.
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