No passado dia 9 de junho a União Nacional (RN) de Marine Le Pen foi a vencedora das eleições europeias — uma vitória tão destacada que levou o Presidente francês, Emmanuel Macron, a anunciar a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas.
Le Pen diz-se pronta "para governar", e claramente não é a única a querer ter uma palavra de comando no futuro de França. Éric Ciotti, líder do partido conservador francês Os Republicanos (LR) propôs uma aliança inédita com a União Nacional, atualmente liderada por Jordan Bardella, mas que mantém presente a figura de Marine Le Pen.
Numa entrevista à televisão CNews, Ciotti garantiu que a maioria dos eleitores dos LR é a favor de uma aliança com a extrema-direita e defendeu que é um passo necessário para a sobrevivência do partido.
Até agora, o partido da direita republicana em França sempre recusou formar uma aliança com a extrema-direita, mas Ciotti quer mudar isso, contra a vontade da comissão executiva do partido.
Ontem, esta mesma comissão excluiu "por unanimidade" Ciotti da corrente política herdeira do general Charles de Gaulle e de vários outros Presidentes de França, como Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, por considerar que uma aliança com a extrema-direita é uma traição aos valores do partido.
No próprio dia, Ciotti reagiu.
A reunião "realizou-se em flagrante violação" dos estatutos, porque "ninguém tem o poder de convocar a comissão executiva sem a intervenção do presidente", de acordo com um comunicado do partido, divulgado nas redes sociais esta quarta-feira à noite.
Durante o dia, Ciotti, diz a imprensa internacional, ficou fechado no seu gabinete, tendo mandado fechar as portas da sede do partido, com o objetivo de impedir que esta reunião tivesse lugar.
Quando figuras séniores d'Os Republicanos chegaram à porta encontraram o edifício encerrado. Ciotti alegou, no Twitter, que fechou as portas depois de ter "recebido ameaças", pelo que a sua obrigação era "garantir a segurança dos funcionários" do local. "Além disso, não havia nenhuma reunião planeada para a sede esta tarde", acrescentou.
Uma das razões pelas quais Ciotti contesta a sua expulsão é exactamente a legalidade da reunião que teve lugar, e que, diz, segundo os estatutos do partido, não era possível acontecer noutra localização.
Assim, não só garante que continua na liderança do partido, como defende que a reunião da comissão executiva, além de não ter validade jurídica, pode "ter consequências criminais".
As eleições legislativas antecipadas em França vão decorrer a 30 de junho e a 07 de julho, na sequência do fracasso do partido Emmanuel Macron nas eleições para o Parlamento Europeu.
*Com Lusa
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