A cerimónia começou às 12:12 locais (menos uma em Lisboa), tendo-se os dois chefes de Governo, com máscaras, cumprimentado com um abraço.
António Costa chegou à frente de uma delegação que incluía 10 ministros do seu executivo. A delegação espanhola dirigida por Pedro Sánchez tem nove membros do seu gabinete.
Os dois primeiros-ministros ouviram os hinos nacionais dos dois países e em seguida passaram em revista a Guarda de Honra do Regimento Memorial do Rei de Espanha.
Durante a cerimónia no castelo de Trujillo podia ouvir-se, ao longe, o ruído de manifestantes a protestarem contra a construção de projetos mineiros a céu aberto, centrais fotovoltaicas e parques eólicos na Estremadura espanhola.
Outra manifestação defendia a concretização da ligação ferroviária entre Madrid e Lisboa como foi “anunciado na cimeira [bilateral] de 2003”, segundo comunicado distribuído.
Os trabalhos da Cimeira Luso-Espanhola começam agora com reuniões bilaterais setoriais, em que cada ministro se reúne com o seu homólogo do outro país, sendo uma delas entre os dois chefes de Governo, havendo em seguida um plenário com todos os membros das duas delegações.
A reunião termina com a assinatura de nove acordos bilaterais e os dois chefes de Governo dão em seguida uma conferência de imprensa, prevista para as 16:00 (15:00).
A cimeira com o lema a “mobilidade sustentável” permitirá “aprofundar as discussões mantidas com o governo de Espanha sobre a interligação entre dois processos importantes: a implementação da Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço e a execução dos Planos de Recuperação e Resiliência”, segundo nota do Governo português.
A delegação portuguesa, liderada pelo primeiro-ministro, inclui ainda o ministro dos Negócios Estrangeiros, Economia e Transição Digital, Administração Interna, Cultura, Trabalho e Segurança Social, Infraestruturas e Habitação, Ambiente e Ação Climática, Coesão Territorial, Agricultura, Mar, e ainda os secretários de Estado das Infraestruturas e da Valorização do Interior.
Do lado espanhol, também estão nove membros do Governo, para além do chefe do executivo, Pedro Sánchez: as três vice-presidentes e os ministros dos Negócios Estrangeiros, do Interior, dos Transportes, da Indústria, da Agricultura e da Cultura.
Um dos pontos altos na cimeira de Trujillo, na Estremadura espanhola, será a celebração do novo Tratado de Amizade e Cooperação, entre Portugal e Espanha que vai atualizar o acordo anterior, de 1977, com o objetivo de reforçar os laços de amizade e solidariedade entre os dois países europeus que tinham chegado há não muito tempo à liberdade e à democracia, depois de longos períodos de ditadura.
Segundo fontes do Palácio de Moncloa (sede do Governo espanhol), trata-se de atualizar um acordo que tem mais de 40 anos, para os tempos atuais, incluindo temas colocados pelos desafios da globalização, como a igualdade de género, a luta contra a delinquência organizada e o terrorismo internacional, entre outros.
Neste momento, os dois países são duas democracias consolidadas, membros da União Europeia, e vão-se comprometer a cooperar em matérias do âmbito das instituições europeias, de acordo com as mesmas fontes oficiais.
Lisboa e Madrid também irão chegar a acordo sobre um plano de ação para desenvolvimento conjunto de projetos no âmbito dos planos de recuperação e resiliência dos dois países, tentando potenciar os muitos milhares de milhões de euros que vão receber nos próximos anos dos cofres comunitários.
Alguns desses projetos são na área da mobilidade sustentável, da digitalização e da transição ecológica entre os dois países. Temas em que as instituições comunitárias privilegiam os projetos conjuntos ou de caráter transfronteiriço.
Serão também assinados vários outros acordos: dois sobre a Pesca e a Caça no troço internacional do Rio Minho (norte de Portugal, fronteira com a Galiza); o estatuto do trabalhador transfronteiriço; um memorando em matéria de arquivos; e um de cooperação em matéria de infraestruturas viárias.
Finalmente, será assinado um memorando de entendimento sobre a restauração e a manutenção da ponte internacional do rio Minho, que também prevê que se acrescentem vias suplementares para a circulação de bicicletas e de pessoas.
Depois de terminada a cimeira, decorre o encontro “O futuro da Europa”, com 20 alunos do Instituto Politécnico de Portalegre e outros tantos estudantes da Universidade da Extremadura, a partir das 17:00 (16:00), em que estarão presentes António Costa e Pedro Sánchez.
FPB/RRL/SM // ACL
Lusa/Fim
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