A manifestação em defesa da bicicleta, que começa às 10:00 no Terreiro do Paço, e terá um minuto de silêncio pela morte de Mário Soares, que era membro honorário da federação, pretende juntar utilizadores de bicicleta em protesto contra algumas das medidas previstas no novo Plano Estratégico Nacional de Segurança Rodoviária (PENSE 2020), cuja consulta pública termina hoje.
Em causa está a obrigatoriedade do uso do capacete pelos ciclistas, considerando os organizadores do protesto “um evidente desincentivo ao uso da bicicleta para curtas deslocações e a baixa velocidade”.
A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta considera que “os utilizadores de bicicleta devem poder optar livremente e em consciência em função do percurso e da sua própria perceção do perigo, quanto à necessidade ou não do uso do capacete”.
Entretanto, o Governo já esclareceu que esta medida está apenas em estudo, podendo nem ter "pernas para andar".
“Estamos a estudar isso com calma”, admito que “seja uma das medidas que não terá grandes consequências nem irá ter pernas para andar”, disse o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes.
O PENSE 2020 recebeu mais de três centenas de propostas de alteração, quer de cidadãos em nome individual quer de organizações que trabalham na área da segurança rodoviária, que vão ser analisadas e eventualmente integradas no documento, que irá depois a Conselho de Ministros, segundo o secretário de Estado.
Pretende-se, acrescentou Jorge Gomes, estudar se o uso do capacete terá algum efeito positivo.
Questionado se este protesto não tem razão de ser, o secretário de Estado desvalorizou a questão, afirmando que a manifestação mostra que os cidadãos estão a ler as propostas e que os contributos são bons.
A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta considera também que o PENSE 2020 “contém medidas incoerentes e incongruentes” na perspetiva da sustentabilidade das cidades, porque “demonstra desinteresse pelas medidas de intervenção ao nível do desenho e adaptação do espaço urbano”.
Além disso, “marginaliza um meio de transporte não poluente com vantagens evidentes para a saúde pública” e “contribui para uma visão excessivamente centrada no automóvel”.
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