Pedindo à população que vive na região que saia para locais seguros, a prefeitura de Porto Alegre comunicou que o centro de Saúde Santa Marta, localizado no centro histórico, fechou às 11:00 (15:00 em Lisboa) devido à cheia do Guaíba, tendo móveis e equipamentos de informática sido levados do piso térreo para os andares superiores do prédio.
Outras quatro unidades de saúde da região central da cidade também foram encerradas.
A Câmara Municipal da capital regional, de 1,3 milhões de habitantes, afirmou que pelo menos 32 ruas ficaram total ou parcialmente bloqueadas devido às enchentes, incluindo a importante avenida Mauá, junto à margem do rio Guaíba.
O volume de água é tão grande que a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul deu conta que a estação hidrometeorológica instalada no Cais Mauá, em Porto Alegre, apresentou problemas na leitura durante a madrugada de hoje.
Os técnicos do Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento estão, juntamente com a Defesa Civil, a verificar o nível da água “in loco”.
Segundo os ‘media’ locais, o rio Guaíba, que passa por Porto Alegre, apresenta uma elevação de cerca de quatro metros e meio e aproxima-se do recorde histórico registado em 1941, quando a subida da água no rio chegou aos 4,76 metros.
Imagens do centro de Porto Alegre mostram uma cidade com comércio fechado, vários centímetros de água castanha nas ruas e com os poucos transeuntes usando botas de cano alto.
A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul confirmou na manhã de hoje 31 mortes causadas pela chuva em todo estado, 74 pessoas desaparecidas e outras milhares que foram forçadas a deixar as suas casas, sendo que 7.165 permanecem em abrigos públicos e outras 17 mil em casas de parentes ou amigos.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, visitou quinta-feira a região afetada com vários de seus ministros e prometeu que não faltarão recursos para atender às necessidades básicas da população.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, garantiu, durante o encontro com o Presidente, que o foco neste momento deve ser o resgate de pessoas, algumas das quais tiveram que subir para os telhados de suas casas para ficarem em segurança.
As tempestades no sul do Brasil têm destruído estradas, pontes, provocado desabamentos e alagamentos desde a passada terça-feira. A previsão é de que os temporais vão continuar no fim de semana.
O estado mais ao sul do Brasil tem sido bastante afetado pelas mudanças climáticas. Depois de sofrer problemas com uma forte seca devido ao fenómeno La Niña, no ano passado a região passou a ser afetada pelo El Niño e registou em menos de 12 meses quatro desastres climáticos causados por ciclones extratropicais e tempestades.
Em 2023, três eventos ocorreram em junho, setembro e novembro, causando 75 mortos.
O Rio Grande do Sul, com uma população de 11 milhões de pessoas, tem sido atingido repetidamente no último ano pelo fenómeno climático El Niño, que provoca fortes chuvas no sul do país e seca na região norte e nordeste do país.
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