Arménio Carlos falou aos jornalistas em Faro, no Algarve, à margem da sua participação no 9.º Congresso da União de Sindicatos do Algarve, e garantiu que o executivo socialista liderado por António Costa e apoiado pelos partidos de esquerda “vai enfrentar múltiplas contestações e jornadas de luta se incumprir as promessas de acabar com a precariedade, com os baixos salários e com a reposição de direitos”.
“O que temos é uma proposta de lei que o Governo vai apresentar na Assembleia da República, que constitui um ataque aos direitos dos trabalhadores aos mais variados níveis e que leva a que o Governo, em vez de procurar manter uma maior aproximação aos trabalhadores, neste caso concreto esteja a optar por se aproximar as confederações patronais e aos partidos de direita”, afirmou o dirigente da CGTP.
Arménio Carlos alertou que o Governo, com este acordo alcançado com os parceiros sociais, exceto com a CGTP, está a aliar-se “precisamente àqueles que estiveram ligados ao processo da ‘troika’ [Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia], à política de exploração, de desigualdades e de empobrecimento” que se viveu em Portugal durante o período do Governo de coligação PSD/CDS-PP.
“Perante este quadro, que não procurámos, mas ao qual não vamos deixar de responder, o Governo assume aqui a responsabilidade de toda a conflitualidade que a partir daqui se verificar, quer no setor privado, quer no setor público, porque também aí não está a ter um comportamento adequado para responder aos trabalhadores da Administração Pública e dar sequência a medidas que já há muito deveria ter sido tomadas, no que concerne à melhoria da qualidade dos serviços públicos e dos setores sociais do Estado”, advertiu.
Arménio Carlos disse ainda que a primeira resposta será dada sábado, com “uma grande manifestação em Lisboa”, onde a CGTP vai anunciar, adiantou, “outras formas de luta para os próximos tempos, que passarão necessariamente por ações muito diversificadas nas empresas e setores, mas também em momentos de grande convergência, para dar respostas a estes problemas e dizer ao Governo que este não é o caminho a seguir”.
“Na função pública, no setor privado, as ações vão ter continuidade e vão-se intensificar nos próximos tempos”, assegurou, deixando um apelo aos trabalhadores para que participem, porque está também em causa “a qualidade de vida das famílias” de todos eles.
Arménio Carlos criticou ainda o PS por “o discurso político não coincidir com a prática política na área laboral” e deixou a mensagem ao primeiro-ministro de que “na política não basta dizer que se promete” e “mais importante do que prometer é concretizar as promessas que se fazem”.
Para a CGTP, o caminho passa por “romper com este modelo de baixos salários e trabalho precário, romper com estas propostas de legislação apresentada pelo Governo e que tiveram o apoio do patronato e da direita”.
“E terá necessariamente também de ser o Governo a assumir os compromissos que estabeleceu com os trabalhadores da função pública, e que neste momento, em alguns casos, não está a cumprir, como nos casos dos professores, mas não só”, acrescentou.
No congresso da União de Sindicatos do Algarve, foi definida a estratégia e eleitos os dirigentes para os próximos quatro anos, com António Goulart a ser reeleito coordenador da estrutura, onde estarão presentes 29 eleitos, de 14 sindicatos.
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