"É evidente que o senhor ministro das Finanças tem a sua posição fragilizada", afirmou João Almeida, sublinhando que, em relação à eventual demissão de Mário Centeno, "os sucessivos votos de confiança do senhor primeiro-ministro são muito mais eloquentes do que qualquer declaração que o CDS pudesse vir fazer".
Relativamente ao interesse nacional invocado pelo Presidente da República para a manutenção em funções de Mário Centeno, João Almeida declarou: "Quando a restrição daquilo que é a confiança num ministro se limita já ao interesse nacional, é porque tudo o que poderia estar já abaixo do interesse nacional já não é invocável a favor do ministro das Finanças".
O CDS-PP imputou ao Governo "erros de perceção fabricados, erros de perceção inventados, erros de perceção acrescentados, única e exclusivamente para criar uma realidade alternativa", pela necessidade que teve de corrigir as posições iniciais sobre a apresentação de declaração de rendimentos pela administração da Caixa Geral de Depósitos.
"Aquilo que quinta-feira era para o Governo um assassinato vil de caráter justificou uma ida do ministro das Finanças ao primeiro-ministro, uma ida do ministro das Finanças ao Presidente da República, uma conferência de imprensa de explicações ao país e, eis se não quando, o assassinato vil de caráter desapareceu e o que apareceu foi a penosa explicação do senhor ministro das Finanças", sustentou.
O deputado do CDS na comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos insistiu que toda a polémica sobre as declarações de rendimentos da anterior administração liderada por António Domingues é da responsabilidade do Governo.
"Não foi a oposição nem o CDS que disse ao parlamento que inexistiam documentos que afinal existem, e que o próprio Ministério e ministro das Finanças não só reconhecem a sua existência como os comentam abundantemente", declarou, referindo-se à troca de comunicações sobre os deveres da administração do banco público cumprir com a apresentação de rendimentos.
"Ficou evidente que não era a oposição que estava a fabricar nenhuma realidade, quem desde o início quer criar uma realidade alternativa, primeiro escondendo e depois tentando corrigir, é o Governo, como ainda ontem ficou evidente", afirmou João Almeida.
Ainda sobre a demissão do ministro das Finanças, que o CDS não pede diretamente, João Almeida sublinhou que, "aquilo que é relevante é que tem responsabilidade de nomear e defender o ministro", o primeiro-ministro, reiteradamente transmite confiança em Mário Centeno.
"Isso aos olhos dos portugueses é evidente sobre a degradação das condições que o senhor ministro das Finanças tem para exercer o seu mandato", disse.
O deputado e dirigente centrista apontou ainda os dados "muito positivos" do banco público para rejeitar que o partido esteja a prejudicar a Caixa com esta polémica, que, frisou, não se prende com a Caixa Geral de Depósitos enquanto instituição financeira, mas é exclusivamente sobre a atuação do Governo.
"Os partidos que suportam o Governo não conseguem provar essa acusação", disse, sublinhando que "aquilo que o CDS disse tem zero a ver com a Caixa".
O primeiro-ministro, António Costa, confirmou na segunda-feira a confiança em Mário Centeno no exercício das suas funções governativas, após um contacto com o Presidente da República e depois de, em conferência de imprensa, o ministro das Finanças ter afirmado que o seu lugar "está à disposição" desde que assumiu funções.
Centeno reiterou na conferência de imprensa que deu na segunda-feira que o acordo com António Domingues para a liderança da CGD não envolvia a eliminação da entrega das declarações de rendimentos.
O ministro das Finanças disse, contudo, que houve "eventuais erros de perceção mútuos" entre o Governo e António Domingues, garantindo que "não existe uma referência" às declarações de rendimentos nos documentos que estão na base do acordo.
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