Em Lisboa, a fila começou a formar-se à porta do Lux-Frágil, pouco antes das 15:00, e chegou ao Campo das Cebolas por volta das 17:00, com Gonçalo Riscado, da Circuito, a admitir à agência Lusa que o “sonho era chegar até ao Terreiro do Paço”.
À semelhança do que acontece em Lisboa, a fila/manifestação está prevista acontecer igualmente no Porto a partir do Maus Hábitos, em Viseu do Carmo 81 e em Évora da Sociedade Harmonia Eborense.
A associação Circuito é constituída por 27 salas, entre as quais, além daquelas onde vai decorrer a manifestação, o Hot Clube de Portugal, a Casa Independente, o Musicbox, o RCA Club (em Lisboa), o Salão Brazil (Coimbra), o Barracuda e o Passos Manuel (Porto), o Bang Venue (Torres Vedras), a Casa – Oficina os Infantes (Beja) e o Alma Danada (Almada).
De acordo com Gonçalo Riscado, só estas 27 salas “promoveram no ano passado mais de sete mil atuações musicais, envolvendo milhares de autores, intérpretes e outros profissionais do espetáculo, para mais de um milhão e duzentos mil espetadores”.
“Estamos a chegar a uma situação de rutura e incapacidade de continuar a fazer as coisas”, disse Gonçalo Riscado, admitindo que estão a viver “uma situação de emergência desde março”, já que o trabalho que podem desenvolver “não sustenta os custos, apesar dos apoios que existem a nível nacional de lay-off, ou moratórias de rendas e empréstimos”.
De acordo com o responsável, o setor “não tem medidas especificas”, pelo que hoje as pessoas juntaram-se em diversos pontos do país para pedir que “haja atenção e investimento neste circuito” de forma a poderem continuar a fazer o seu trabalho.
“Sensibilizar de forma a podermos estar cá quando for possível voltarmos todos a viver com a dita normalidade ao vivo e fazer o nosso trabalho de programação que é muito intenso”, lembrou.
Gonçalo Riscado lembrou que as 27 salas em questão “são muito pequenas e não funcionam com plateias sentadas”, lembrando que numa altura normal podem estar três por metro quadrado, “agora é totalmente inviável em termos económicos poderem subsistir com o numero de pessoas que podem estar”.
“Uma sala de 800 lugares não é viável economicamente só com venda de bilhete, tem de complementar a atividade com bebida e comida e horários alargados, o que não é permitido atualmente”, afirmou.
No entanto, Gonçalo Riscado frisou que os espaços não queriam funcionar com menos pessoas, lembrando que não se querem sobrepor às normas de saúde instituídas.
“Queríamos funcionar e com menos pessoas, não, isso é muito importante. Não questionamos nenhuma decisão técnica de saúde publica, não temos capacidade nem conhecimento, é fundamental proteger este setor e que o discurso político não seja de desvalorização e estigmatização”, sublinhou.
As pessoas na fila guardavam as distâncias de segurança propostas pela organização e todas usavam máscara. Ora sozinhas ou em grupos de não mais de três pessoas, ouvia-se de alguns telemóveis a ‘rádio Circuito’ com uma emissão feita diretamente do Lux Frágil que foi dando musica aos que estavam na fila, sendo visível muitas pessoas a dançar.
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