À margem de uma audição pública com pessoas com deficiência, organizada pelo BE, Catarina Martins foi questionada sobre as declarações do primeiro-ministro, que na quarta-feira, rejeitou a acusação do Bloco de Esquerda de que deu um tratamento especial à empresária angolana Isabel dos Santos e salientou que foi o seu Governo quem desblindou os estatutos do BPI.
"O tratamento especial a Isabel do Santos não é de um governo, é de todos. Todos os governos", começou por respondeu aos jornalistas.
Segundo a coordenadora bloquista, ao longo dos anos assistiu-se a responsáveis governativos a alternarem "entre pastas do Governo e trabalhar nas empresas de Isabel dos Santos", como Mira Amaral ou Miguel Relvas, ou "à proximidade imensa de Durão Barroso, que enquanto primeiro-ministro, foi a festas de casamento da família de José Eduardo dos Santos".
"Essa proximidade existiu sempre e António Costa também recebeu Isabel dos Santos pessoalmente, envolveu-se pessoalmente na resolução da sua participação do BPI, BCP, que ficou, como sabem, com participação no BIC", insistiu.
Esta proximidade, de acordo Catarina Martins, foi sempre contestada pelo BE e portanto "não é de agora".
"Não dizemos nada que não tenhamos dito ao longo dos últimos 20 anos. Registamos que, durante 20 anos, sempre que nós falámos deste problema fomos atacados como irresponsáveis ou falta de sentido de Estado, e agora, de repente, toda a gente parece muito surpreendida com aquilo que se estava a ver", referiu.
O dinheiro de Isabel dos Santos, da família e do regime liderado por José Eduardo dos Santos, na visão da dirigente bloquista, "é dinheiro de uma cleptocracia que andou a assaltar o povo angolano".
"E andou a assaltar o povo angolano com cúmplices em Portugal. dentro desses cúmplices estiveram o Governo e os maiores grupos económicos portugueses: grupo Mello, grupo Amorim, grupo Sonae, BPI, todos eles foram os parceiros de negócios de Isabel dos Santos", condenou.
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