"Agora, que já se provou que uma pequenina recuperação faz tão bem ao país, quando até as instituições internacionais tiveram de reconhecer que estavam erradas e é protegendo as pessoas que se protege a economia, quando a economia cresce, então façamos o que falta fazer porque neste país ainda se vive muito mal, os salários não chegam até ao fim do mês, as pensões são curtas demais", afirmou Catarina Martins, à margem de uma visita ao bairro da Quinta da Lage, na Amadora.
A agência de notação financeira Standard & Poor's (S&P) subiu na sexta-feira o 'rating' de Portugal para dois níveis acima do grau de investimento especulativo, com perspetiva estável, e o primeiro-ministro, António Costa, afirmou ter a ambição de Portugal a crescer acima da União Europeia (UE) "pelo menos por uma década", defendendo a continuidade da política que levou muitos a anunciar que "o diabo vem aí", ao passo que o Presidente da República se congratulou com o "percurso rápido e bom" que o país está a fazer.
"Este é o momento em que, se o caminho da recuperação, ainda que tímida, deu frutos tão positivos, então façamos o resto. Investimento público essencial, recuperar salários, pensões, investir na habitação porque é um direto constitucional e um pilar da democracia e da dignidade da vida de cada um e cada uma", continuou a líder bloquista.
Segundo Catarina Martins, "foi ao manter a determinação - porque a economia do país mede-se nas condições concretas de vida das pessoas - que o país começou a recuperar".
"Diziam-nos que subir o salário mínimo ia causar desemprego e o colapso da economia, que descongelar pensões punha em causa a sustentabilidade da Segurança Social, que qualquer política que defendesse as pessoas ia levantar a ira das agências de ‘rating' e da Comissão Europeia. Só a firmeza defende o país", garantiu.
"Quando começou esta legislatura e defendemos que era possível recuperar salários e pensões e ter políticas públicas que defendessem as pessoas, diziam-nos que isso ia ser o desastre, que vinha a calamidade económica, que as instituições internacionais estavam em pânico e iam atacar o país", recordou.
Sobre a situação do conjunto habitacional visitado, um bairro "autoconstruído há décadas" e que agora está previsto ser demolido, com a Câmara Municipal da Amadora a contactar moradores para serem realojados no município, mas em casas mais pequenas, Catarina Martins afirmou que há que "parar com estes processos de expulsar pessoas devido à especulação imobiliária".
A coordenadora do BE reclamou maior investimento público em "direitos fundamentais como a habitação por parte do Estado" e a necessidade de "ouvir as comunidades" para encontrar as melhores soluções para os problemas e casos concretos.
A situação do bairro da Quinta da Lage envolve cerca de "400 famílias, mais de mil pessoas", que "pagam obrigações e contribuições como o IMI", por exemplo.
Comentários