"A realidade está a demonstrar que a solução para a questão nacional em Espanha deverá ser encontrada no plano de uma solução política, que a integre no quadro de uma resposta mais geral que assegure os direitos sociais e outros direitos democráticos dos trabalhadores e dos povos de Espanha, incluindo do povo catalão", disse o líder comunista.
Falando em Coimbra, na sessão pública sobre "O PCP e a Situação Política Nacional", Jerónimo de Sousa considerou "profundamente criticáveis as atitudes do Governo espanhol, na base da intolerância, do autoritarismo, da coação e da repressão".
O secretário-geral do PCP disse ser "preocupante, incerta e perigosa uma escalada de factos consumados, que abra espaço ao inaceitável e condenável procedimento que o Governo espanhol protagoniza e, não só face a esta situação, como em aspetos gerais de que é exemplo a ‘lei da mordaça', que ataca liberdades políticas e democráticas fundamentais".
"É evidente que, a coberto da atual situação, se promovem valores nacionalistas reacionários e tomam alento setores fascistas franquistas, que durante dezenas de anos oprimiram os povos de Espanha", afirmou.
O PCP, continuou, alerta para "manobras de certos setores, que visam iludir as suas responsabilidades numa política de classe contra direitos laborais e sociais por via da instrumentalização de sentimentos nacionais".
A posição do PCP contrasta com as posições do Governo português e do Presidente da República, "designadamente face à sua omissão quanto ao respeito da vontade dos povos nesta situação".
No entanto, e segundo Jerónimo de Sousa, o PCP não se pronuncia "especificamente" sobre a declaração de independência da Catalunha, considerando preocupante "uma escalada de factos consumados".
O parlamento regional da Catalunha aprovou na sexta-feira a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupavam.
Ao mesmo tempo, em Madrid, o Senado espanhol deu autorização ao Governo para aplicar o artigo 155º. da Constituição para restituir a legalidade na região autónoma.
O executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou ao fim do dia a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o Governo catalão, entre outras medidas.
Em resposta, já hoje, o presidente do governo regional destituído, Carles Puigdemont, disse não aceitar o seu afastamento e pediu aos catalães para fazerem uma "oposição democrática", numa declaração oficial gravada previamente e transmitida em direto pelas televisões.
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