Em declarações aos jornalistas no parlamento, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, anunciou ainda que o partido vai pedir uma “audição urgente” do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, para dar esclarecimentos sobre esta matéria na Assembleia da República.
Sobre a posição do Governo português, Fernando Negrão classificou-a de “tímida”, porque se limitou a condenar o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal no Reino Unido - cuja responsabilidade Londres atribui a Moscovo - e também “condicionada”.
“A única explicação que encontro, num PS que foi sempre atlantista, é de se sentir condicionado pela aliança com PCP e BE”, afirmou.
Questionado se o PSD defende a expulsão imediata dos diplomatas russos, Fernando Negrão respondeu afirmativamente.
“A posição do PSD é que devemos alinhar com a maioria daqueles com quem temos estado sempre e devemos recomendar ao Governo que expulse os diplomatas russos da sua embaixada”, afirmou.
O líder parlamentar do PSD lembrou que, depois do envenenamento de um antigo agente russo e da sua filha através de um gás químico proibido pelo direito internacional, as autoridades inglesas expulsaram 23 diplomatas russos.
“De imediato, a maioria dos países da União Europeia prestaram solidariedade aos ingleses, expulsando igualmente diplomatas russos das respetivas embaixadas”, frisou, acrescentando que, na terça-feira, a própria NATO tomou idêntica posição.
Por isso, para Fernando Negrão, o Governo português só não foi mais longe “em consequência da aliança que tem com dois partidos que estão do lado errado, que estão contra a União Europeia”, referindo-se ao PCP e a o BE.
“Queremos crer que o PS, que foi sempre um partido atlantista, regressará à sua posição de partido defensor da União Europeia e da posição euro-atlântica”, apelou Negrão.
Na terça-feira à noite, em entrevista à RTP, o ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou que “Portugal chamou para consultas o seu embaixador em Moscovo”.
Questionado se discorda posição do Presidente da República, que na terça-feira considerou que a chamada do embaixador de Portugal em Moscovo para consultas a Lisboa constitui "um aviso" e "uma decisão forte por parte do Estado português", Fernando Negrão fez uma interpretação das palavras do chefe de Estado.
“A leitura que faço é que é um elogio à evolução da posição do Governo, quero crer que evoluirá ainda mais”, afirmou o líder parlamentar do PSD.
Na entrevista à RTP, Augusto Santos Silva rejeitou a ideia de que Portugal esteja fora do movimento de expulsão de diplomatas russos, lembrando que o país apoiou as decisões tomadas neste âmbito pela União Europeia e pela NATO.
"Usamos de prudência e entendemos que, neste momento, é a medida mais adequada para defender os interesses nacionais e manifestar também no plano internacional a importância que concedemos à responsabilidade da Federação Russa, que tudo leva a crer que seja absoluta, no ataque perpetrado em Salisbury", justificou o governante.
Em 14 de março, o Reino Unido anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos do território britânico e o congelamento das relações bilaterais com a Rússia, em resposta ao envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal com um gás neurotóxico no dia 04 de março na cidade inglesa de Salisbury.
Moscovo respondeu expulsando 23 diplomatas britânicos e suspendendo a atividade do British Council na Rússia.
O caso Skripal provocou uma grave crise diplomática, que se estendeu a outros países aliados do Reino Unido, como os Estados Unidos e vários Estados-membros da União Europeia, entre os quais a Alemanha, a França e a Polónia, que decidiram também expulsar diplomatas russos.
(Notícia atualizada às 12h13)
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