“Não foi feito qualquer pedido de asilo” a qualquer embaixada, destacou o advogado, José Vicente Haro, em declarações aos jornalistas.
“Esta é uma questão que não foi levantada nem pela família nem pelo senhor Edmundo Gonzalez Urrutia”, garantiu.
Os Estados Unidos, a União Europeia e nove países da América Latina rejeitaram hoje o mandado de detenção emitido na segunda-feira contra o ex-candidato que não é visto em público desde 30 de julho.
Portugal, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, caracterizou como “muito preocupante” a ordem de detenção emitida, já que “atenta contra os direitos fundamentais e representa um sério revés na procura de uma solução democrática, pacífica e duradoura, que permita a normalização da vida política venezuelana”.
A pedido do Ministério Público, um tribunal competente em matéria de terrorismo ordenou a detenção do diplomata, de 75 anos, no âmbito das investigações por “desobediência às leis”, “conspiração”, “usurpação de funções” e “sabotagem”.
Gonzalez Urrutia não compareceu a três convocatórias dos tribunais que o queriam ouvir sobre o ‘site’ no qual a principal coligação da oposição — a Plataforma Democrática Unitária (PUD) — afirma ter carregado “83,5% dos registos eleitorais” recolhidos por testemunhas e membros da mesa na noite eleitoral e que lhe atribuem a vitória.
O seu advogado esclareceu que Urrutia “não tem nada a ver com todo o processo de recolha de cópias, das atas [das assembleias de voto], da digitalização dessas atas e do seu carregamento no ‘site’.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.
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