No caso do Cancro do Pulmão, que é ainda a neoplasia com maior mortalidade em Portugal, os autores do documento hoje apresentado no Porto, observaram uma variação geográfica significativa, com maior mortalidade nos Açores, mas também com mortalidades acima da média nas regiões do Algarve, Área Metropolitana do Porto, Alto Minho, Área Metropolitana de Lisboa e Alentejo Litoral. No caso particular dos Açores a assimetria é muito marcada, sendo de alertar a menor taxação do tabaco nesta região autónoma.
Revelam que no cancro colorretal a mortalidade padronizada é relativamente homogénea ao longo do país, com exceção na Região do Alentejo Litoral, onde se observaram valores substancialmente mais elevados. As variações nesta região podem dever-se apenas a variações estatísticas de pequenos números, necessitando de ser confirmadas.
Os dados para o cancro da mama feminina, apontam uma maior mortalidade na região dos Açores, seguida pelas regiões da Beiras e Serra da Estrela, Oeste, Área Metropolitana de Lisboa, Madeira e Lezíria do Tejo.
No relatório é ainda referido que a mortalidade por cancro do estômago valores significativamente mais altos na região Norte, estreitamente relacionados com hábitos alimentares.
De acordo com o documento, os programas de rastreio oncológico evoluíram significativamente, com expansão da cobertura geográfica, aumento do número de utentes rastreados e melhoria significativa das taxas de adesão (+5%).
Durante o último ano, na região Norte, atingiu-se a cobertura geográfica de 100% no rastreio do cancro da mama, ficando o programa completo como nas regiões Centro, Alentejo e Algarve.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo, está previsto o seu alargamento em 2018. O programa de rastreio do cancro do colo do útero ficou também concluído na região Norte, juntando-se às regiões Centro, Alentejo e Algarve. Em 2017, será iniciado este rastreio na região de Lisboa e Vale do Tejo, estando prevista a sua implementação total durante o ano de 2018, lê-se no documento.
No rastreio do cancro do cólon e reto, refere que estão em desenvolvimento programas piloto disseminados nacionalmente, de destacar o projeto piloto iniciado na Região Norte em dois ACES, no final do ano de 2016, e que será alargado, durante os anos de 2017/2018, e os dois projetos pilotos que estão a ser implementados nas regiões do Algarve, no ACES Central, e em Lisboa e Vale do Tejo em quatro ACES, três da Península de Setúbal e o ACES Lisboa Norte.
Estes projetos, acrescenta, juntam-se aos rastreios já implementados na região Centro, em quatro ACES, e na região do Alentejo, no ACES Central. Desta forma, “teremos, em 2017, e pela primeira vez, o rastreio do cancro do cólon e reto implementado em todas as regiões do país”.
De acordo com o relatório da OCDE, Health at a Glance 2016, Portugal apresentava em 2014 uma taxa de 70,7% de mulheres rastreadas para o cancro do colo do útero quando a média europeia foi de 63%.
Já no rastreio do cancro da mama, em 2013, Portugal foi o país da Europa com maior taxa de rastreio, com 84,2% das mulheres rastreadas, bem acima da média europeia que foi de 62,8%.
Os autores do relatório referem ainda que, no mesmo período, a taxa de sobrevida do cancro do colo do útero a cinco anos foi de 64,5%, em linha com a média europeia, e a taxa de sobrevida a cinco anos no cancro da mama foi de 87,9%, quatro pontos percentuais acima da média europeia.
Ainda no âmbito dos programas de rastreio oncológicos salienta-se o desenvolvimento de uma solução informática nacional única para os rastreios, que já se encontra em fase de implementação, e a uniformização técnica dos programas de rastreio nas várias regiões, que será objeto de um Despacho do Ministério da Saúde, que será publicado ainda este mês, e que permitirá aumentar a equidade no acesso a nível nacional.
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