Esta posição foi assumida por António Costa em conferência de imprensa conjunta com o negociador-chefe da União Europeia para o ‘Brexit’, Michel Barnier, após um almoço de trabalho entre ambos em São Bento.
Na sua declaração inicial, o primeiro-ministro quis logo vincar a posição de total alinhamento político de Portugal em relação às instituições europeias no que respeita às negociações em torno do processo de saída do Reino Unido.
"Portugal reafirma a total confiança na forma como Michel Barnier tem conduzido todo este processo negocial. A atitude do Conselho e da Comissão tem sido exemplar e aquilo que desejamos é que o Reino Unido esteja em condições de corresponder à forma profissional, responsável e clara como as negociações pelo lado europeu têm sido conduzidas por Michel Barnier", declarou António Costa.
Perante os jornalistas, o primeiro-ministro retomou o repto ao executivo de Londres que fez na terça-feira à noite, logo após o parlamento britânico ter rejeitado o acordo do Brexit entre a União Europeia o e Governo de Theresa May.
"É urgente que as autoridades britânicas tomem a iniciativa de dar os passos necessários para que possamos obter até às 23:00 do próximo dia 29 de março aquilo que neste momento estamos mais afastados, que é um bom acordo. Essa é a melhor forma de proteger aquilo que é essencial: Os cidadãos, as nossas empresas, a nossa economia e, muito importante, a preparação da relação futura entre a União Europeia e o Reino Unido", salientou.
O líder do executivo português referiu também que esta manhã o Conselho de Ministros aprovou um plano de contingência, tendo em vista "garantir a maior segurança aos cidadãos britânicos residentes em Portugal e aos cidadãos portugueses residentes no Reino Unido", assim como "às empresas e à economia nacional" face à eventualidade de não haver um acordo".
"Insisto que a pior solução para o ‘Brexit’ é não haver acordo", completou o líder do executivo português, antes de reiterar a sua oposição a qualquer objetivo de "reabertura das negociações".
"O tratado foi negociado longamente durante ano e meio. É um tratado particularmente complexo, foi duramente negociado e houve um acordo aceite pelo Governo do Reino Unido", frisou o primeiro-ministro.
Neste ponto, António Costa aludiu mesmo ao ponto inicial do processo, quando o executivo de Londres, então liderado por David Cameron, pediu a colaboração da União Europeia para evitar um resultado negativo no referendo, que acabou por se concretizar.
"A União Europeia tem procurado ajudar os governos britânicos: Fizemos primeiro um acordo com o senhor Cameron para que ele tivesse as melhores condições para obter uma vitória no referendo; depois do ‘Brexit’, abrimos as negociações, pondo 27 Estados-membros com uma posição comum nas negociações e chegámos a um acordo que o Reino Unido aceitou através do seu Governo", apontou.
Segundo o primeiro-ministro, neste quadro, "a última coisa que passava pela cabeça é que, depois de ter sido negociado tudo isto, depois de ano e meio de duras negociações, o Governo britânico não tivesse maioria suficiente para aprovar esse acordo no parlamento".
Após a conferência de imprensa, o primeiro-ministro e o negociador-chefe da União Europeia para o Brexit foram para o Palácio de Belém, onde esta tarde participam na reunião do Conselho de Estado, que tem como tema principal o processo de saída do Reino Unido e as suas consequências.
[Notícia atualizada às 15:52]
Comentários