Além do PT, que vai realizar o seu congresso em São Paulo, outros dois fortes candidatos lançam as suas candidaturas às eleições de 7 de outubro, com eventual segunda volta marcada para o dia 28 do mesmo mês.

Em Brasília, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin será proclamado candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB, centro-direita). Esta será a sua segunda tentativa de comandar a maior economia latino-americana, depois de perder para Lula em 2006.

Também na capital, a Rede vai lançar a candidatura da ambientalista Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente de Lula e que chegou em terceiro lugar nas presidenciais de 2010 e 2014.

Tanto Alckmin quanto Marina podem ser sérios adversários numa segunda volta com o já proclamado candidato de direita Jair Bolsonaro, que lidera as intenções de voto na ausência de Lula.

Mas de facto, embora fechado na prisão em Curitiba, Lula mantém-se como figura central da campanha.

O ex-presidente de 72 anos foi candidato três vezes (em 1989, 1994 e 1998) antes de vencer as eleições de 2002 e 2006, e de eleger nas duas seguintes (em 2010 e 2014) a sua herdeira política, Dilma Rousseff, destituída pelo Congresso em 2016.

Agora, conta com inquebrantáveis 30% das intenções de voto, praticamente o dobro de qualquer um dos seus adversários, apesar de cumprir, desde 7 de abril, uma pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A condenação confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) deveria inabilitá-lo a disputar uma eleição, devido à Lei da Ficha Limpa, promulgada pelo próprio no último ano do seu mandato.

Mas à espera do que a Justiça eleitoral vai determinar (provavelmente na segunda quinzena de agosto), ninguém impede ao PT de proclamá-lo candidato.

"Segue líder", diz o mais recente anúncio eleitoral online do PT, que mostra a fotografia de um Lula sorridente.

A sucessão

Para a direção do PT e muitos militantes de esquerda, falar de um plano alternativo a Lula soa como heresia. Mas mesmo assim, no congresso de sábado, os olhares estarão atentos à nomeação do candidato a vice-presidente, uma personalidade que poderá acabar por substituir Lula como candidato à presidência.

O nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad é um dos que se ouve com força. Um político jovem e carismático, que faz parte da equipa legal do ex-presidente, o que lhe dá livre acesso ao líder na prisão.

Mas alguns analistas acreditam que o partido, extremamente debilitado desde a destituição de Dilma Rousseff, dos escândalos de corrupção e do baque que sofreu nas eleições municipais de outubro de 2016, poderia escolher uma personalidade de menor peso, prevendo uma derrota que poderá acabar com a inabilitação de Lula.

Alckmin, por sua vez, nomeou a senadora Ana Amélia (Partido Progressista, PP) como sua companheira de corrida. Uma nomeação que poderá ajudá-lo a atrair votos do eleitorado feminino e do sul, além de debilitar o apoio a Bolsonaro.

Marina Silva escolheu para vice Eduardo Jorge, um médico do Partido Verde (PV), que disputou as presidenciais de 2014, quando teve menos de 1% dos votos.

Bolsonaro, que capitaliza a indignação do eleitorado pelos escândalos de corrupção e violência galopante, ainda não definiu o seu companheiro de corrida às presidenciais. O astronauta Marcos Pontes, o príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança, o general na reserva Augusto Heleno e a advogada Janaína Paschoal, coautora do processo de impeachment de Dilma Rousseff, são alguns dos nomes aventados nos últimos dias.

De qualquer forma, todos os candidatos terão que lidar com a indignação e a apatia do eleitorado.

Duas sondagens recentes mostram que de 33% a 41% dos eleitores estão tentados a abster-se de votar. Se Lula for candidato, esta percentagem diminui, mas continua a abranger um quarto do colégio eleitoral.

Em todo caso, tudo parece indicar que pela oitava vez consecutiva, Lula será uma figura-chave na corrida presidencial.

Por Paula Ramón y Jordi Miró / AFP