"A palavra fugir não existe na minha vida, sou cidadão brasileiro e estou orgulhoso de ser brasileiro", disse Lula da Silva, numa entrevista à "Radio jornal" de Pernambuco.
O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) disse que fugiu "da fome até aos cinco anos de idade" porque as pessoas da região nordeste do país, como ele, nascem "na miséria" e com "poucas hipóteses de sobreviver".
Lula da Silva foi condenado em janeiro por três juízes de um tribunal de segunda instância, que ratificaram por unanimidade e aumentaram para 12 anos e um mês a sentença de corrupção passiva e branqueamento de capitais emitida por um juiz de primeira instância num caso relacionado com o escândalo descoberto na petrolífera estatal Petrobras.
Uma decisão preventiva do Supremo Tribunal do Brasil tomada em 2016 permite que uma sentença comece a ser aplicada quando todos os recursos em segunda instância forem concluídos mesmo quando houver possibilidade de outros recursos em tribunais superiores, portanto Lula da Silva poderá ser preso nos próximos meses.
Dada esta possibilidade, o portal de notícias brasileiro O Antagonista publicou no último fim de semana que o ex-Presidente estaria a considerar refugiar-se numa embaixada estrangeira se finalmente a Justiça ordenar a sua prisão.
No entanto, Lula da Silva negou hoje esta possibilidade e declarou categoricamente que "enfrentará qualquer situação com a cabeça erguida".
O futuro político do ex-chefe de Estado brasileiro também está indefinido uma vez que a lei brasileira proíbe expressamente que condenados em segunda instância se candidatem a cargos públicos.
Lula da Silva, que lidera todas as sondagens de intenção de voto realizadas no país, repetidamente manifestou o seu desejo de concorrer às próximas eleições presidenciais de outubro, para as quais o PT já lançou a sua candidatura.
"Eu acho que vou ser candidato porque a verdade vai prevalecer", disse o ex-Presidente durante a entrevista.
A decisão final sobre a sua candidatura estará nas mãos da justiça eleitoral, que só dará um parecer sobre o assunto a partir de 15 de agosto quando o prazo para a apresentação das candidaturas expirar.
Na entrevista à rádio pernambucana, Lula da Silva esclareceu que se alguém provar que ele cometeu um crime não poderá escapar da sua desqualificação, mas está convencido que a sua sentença é "uma mentira construída por uma parte da elite brasileira" e repetida por promotores e juízes.
"A única coisa que eu quero é que eles provem o crime que cometi, eu quero que eles parem de mentir para o povo brasileiro", concluiu.
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