“Apesar de ser capaz de utilizar os holofotes dos meios de comunicação social para influenciar a agenda do Congresso, negociar e implementar legislação será extremamente difícil se não usar os interesses divergentes dos partidos e se não impuser disciplina de voto, particularmente num parlamento de 513 deputados”, dizem os analistas da Fitch Solutions.
Segundo a consultora, “como os deputados dependem dos partidos para o financiamento das suas campanhas, vão estar sujeitos às hierarquias partidárias, e os partidos vão exigir concessões e favores em troca do seu apoio”.
Numa sessão de perguntas e respostas com os investidores, a consultora detida pelo mesmo grupo que é dono da agência de ‘rating’ Fitch considera que a reforma da Segurança Social, nomeadamente a imposição de uma equivalência entre o aumento das pensões e o nível de expansão económica, dificilmente será tão abrangente como aquela defendida pelos mercados internacionais.
“Num Governo liderado por Bolsonaro, uma modesta reforma das pensões é relativamente provável nos próximos trimestres”, responderam os analistas à questão sobre a possibilidade de uma reforma abrangente.
Bolsonaro já defendeu uma reforma, e há um consenso entre a elite política brasileira sobre a necessidade de alterar as regras, principalmente devido às críticas sobre os benefícios injustos atribuídos aos funcionários públicos, diz a Fitch Solutions, acrescentando, no entanto, que “um Governo de Bolsonaro iria debater-se com a aprovação de uma reforma suficientemente significativa para satisfazer as expetativas dos mercados financeiros”.
As dificuldades de negociação de uma lei tão importante como esta e o histórico de votações de Bolsonaro, que em janeiro se opôs a alterações ao diploma, fazem a Fitch levantar dúvidas “sobre o seu empenho relativo à reforma”.
Noutra pergunta, sobre a política económica, a Fitch Solutions responde que espera “que o investimento privado e estrangeiro acelere” no seguimento da vitória de Bolsonaro.
As privatizações, totais ou parciais, vão motivar um “significativo interesse devido ao tamanho do mercado brasileiro, principalmente se os planos para a venda da Eletrobras avançarem”, o que pode ter efeitos de alastramento a outros setores e motivar o aumento do interesse e dos investimentos estrangeiros no país”, concluem os analistas.
O candidato do Partido Social Liberal (PSL), Jair Bolsonaro, lidera as intenções de voto das eleições presidenciais brasileiras, com 59%, contra os 41% do seu adversário, o escolhido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad.
Ambos disputam a segunda volta das presidenciais brasileiras, que se realizam no próximo dia 28.
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