"Milton Ribeiro converteu o MEC [Ministério da Educação] num balcão de negócios para as suas traficâncias rasteiras, negociando favores públicos à luz do dia", escreveu no Twitter o senador Fabiano Contarato, do PT.
"Pedirei hoje ao STF [Supremo Tribunal Federal] a imediata abertura de inquérito para apurar as gravíssimas denúncias que pesam contra o ministro", acrescentou.
O escândalo estourou quando a Folha de São Paulo revelou na noite de segunda-feira o conteúdo de um áudio em que Ribeiro, ele próprio pastor evangélico, garantia que, a pedido de Bolsonaro, daria prioridade ao desbloqueio de recursos para a Educação nos municípios liderados por "amigos" de dois influentes pastores.
"Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", disse Ribeiro durante uma reunião em que teriam participado presidentes de câmara e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que, segundo o jornal, teriam uma grande influência dentro do governo.
"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim", acrescentou o ministro.
As revelações causaram indignação e um grupo de deputados da oposição também pediu a abertura de um inquérito no STF.
Ribeiro negou as acusações de tráfico de influência e afirmou em nota que Bolsonaro "não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos os que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem".
O ministro alegou ainda que "não há nenhuma possibilidade de se determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado".
Comentadores políticos relataram que há pressão nos bastidores pela renúncia do ministro por parte de deputados aliados de Bolsonaro.
Milton Ribeiro, um teólogo, advogado e pastor de 63 anos, foi denunciado no final de janeiro pela Procuradoria-Geral da República por "homofobia", depois de ter dito em entrevista publicada em setembro de 2020 que adolescentes homossexuais vêm de "famílias desajustadas".
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