Os bombeiros protestam contra a proposta do Governo para regulamentar a carreira de bombeiro profissional, que, relativamente à atual situação, “significa uma desvalorização enorme na carreira, não respeita a importância” destes profissionais” e “é um recuo muito significativo relativamente à possibilidade de progressão, à possibilidade de chegar ao topo de carreira e ao salário de entrada”, justificou o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), que agendou o protesto.
“Temos aqui uma proposta que aponta para uma redução muito significativa da posição de entrada [na profissão], de cerca de 200 euros, e exclui os suplementos. Estes trabalhadores, que têm de ter uma formação, que têm uma profissão de risco permanente sem que tenham qualquer suplemento ao nível da disponibilidade, vão entrar com um salário que, em termos líquidos, é até inferior ao Salário Mínimo Nacional”, disse à Lusa José Correia, do STAL.
O sindicalista considera a proposta “totalmente inadmissível”, quando se exige que estes profissionais tenham um grau de preparação e de prontidão para as operações de socorro que exige um perfil e uma formação muito específica.
José Correia explicou que “estes profissionais auferiam três suplementos - uns auferiam só um, outros dois, outros nenhum -, que eram os suplementos de risco, de disponibilidade e de penosidade”.
“O que aconteceu é que o Governo entendeu harmonizar as mesmas condições e integrou no salário base os suplementos. Na prática, todos passaram a auferir um determinado salário que incluía já os suplementos iguais para todos, para acabar com a possibilidade de uns receberem um suplemento e outros receberem outro”, sublinhou.
Atualmente, apontou, por via da inclusão no salário desses suplementos, um bombeiro municipal tem uma posição de entrada na profissão de 700 euros. Se se excluir o montante desses suplementos - que, por exemplo, nos Sapadores de Lisboa andaria à volta dos 120/130 euros -, o salário líquido “andará à volta dos 570 e tal euros, quando o salário mínimo atual é de 600 euros”, justificou.
O sindicalista destacou que há dois corpos de bombeiros distintos, os municipais e os sapadores, e que estes têm “uma carreira mais valorizada”.
“O que o Governo propõe agora é uma carreira única, mas a nivelar por baixo””, afirmou.
Segundo o STAL, a nova proposta reduz as chefias dos sapadores e as progressões em ambos os casos vão fazer-se mais lentamente.
Por outro lado, “os bombeiros têm atualmente um regime excecional de aposentação aos 50 anos”, embora se possam manter após esta idade “com um conjunto de funções”.
“Isso vai passar para os 60 anos. E a questão que os bombeiros colocam é: um bombeiro com 60 anos vai socorrer quem? Quem é que precisa de ser socorrido? Se calhar é o bombeiro, que já não tem a destreza física que a profissão exige com 60 anos de idade”, considerou.
Segundo o STAL, o protesto vai decorrer durante o período em que decorre o Conselho de Ministros, que está agendado a partir das 09:30.
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