Em entrevista telefónica à Lusa, o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto, José Miranda, avançou que muitas das 45 corporações de bombeiros do distrito do Porto, constituídas por um total de 3.700 bombeiros no ativo, está a “colapsar”, porque não recebeu as verbas da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) referentes aos transportes de doentes de fevereiro e também porque aumentaram as despesas com as medidas de proteção contra a covid-19.
“Há neste momento muitas associações [de corporações de bombeiros] no distrito do Porto que não têm capacidade financeira. Neste momento já está a zero”, declarou José Miranda, avisando que, se o pagamento em atraso pela ARS Norte não for regularizado, a maioria das instituições “colapsa”.
“O que foi faturado em fevereiro devíamos recebê-lo até ao dia 20 de abril. Infelizmente, não recebemos. Neste momento está uma situação caótica, porque estávamos a contar com esse dinheiro (…). E, tanto quanto nos é dado saber, há falta de dinheiro na ARS Norte e, portanto, estão à espera que o poder central tome decisão sobre isso”, acrescentou o responsável.
José Miranda assume que os bombeiros estão “muito preocupados” com a falta de pagamento do transporte dos doentes e pedem ao presidente da ARS Norte, Carlos Nunes, que resolver a situação que está prestes a colapsar com o aumento das despesas relacionadas equipamentos de proteção individual no combate à covid-19.
“Queremos receber aquilo que nos é devido. Não por nós, mas para continuarmos a fazer o serviço que fazemos. Nós transportamos doentes de hemodiálise e não falhamos, não podemos falhar e não vamos falhar. Só se for de todo impossível”, declarou, referindo ainda que, neste contexto em que as comunidades estão fragilizadas, também não podem recorrer a ajuda da população.
“Se os pagamentos dos serviços efetuados não forem regularizados, a grande maioria das instituições vão colapsar”, lê-se, por seu turno, na missiva enviada ao presidente da ARS Norte, a que a Lusa teve acesso, alertando que a situação é “dramática” e solicitando para que tudo faça ao seu alcance para normalizar a situação.
A Lusa tentou obter esclarecimentos junto da ARS Norte, mas tal não foi possível até ao momento.
Em Portugal, morreram 1.114 pessoas das 27.268 confirmadas como infetadas, e há 2.422 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A região Norte é a que regista o maior número de mortos (639), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (233), do Centro (214), Algarve (13), dos Açores (14) e do Alentejo que regista um caso, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de quinta-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.
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