O grupo rebelde Exército Arakan (AA, na sigla em inglês) disse que o bombardeamento ocorreu no sábado na cidade de Mrauk-U, no norte de Rakhine, e atingiu um centro que albergava familiares de soldados detidos pelos AA.
Num comunicado, o grupo disse que entre os mortos e feridos estão 21 crianças entre os 2 e os 15 anos e acrescentou que alguns dos feridos estavam em estado grave e hospitalizados, pelo que o número de mortos poderá aumentar.
O Exército Arakan é uma ala militar, bem treinada e bem armada, do movimento da minoria étnica de Rakhine, que procura a autonomia em relação ao governo central de Myanmar.
Um ataque aéreo anterior levado a cabo pelo exército de Myanmar, que fez mais de 40 mortos e feriu 20 pessoas, em o8 de janeiro, levou o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários a manifestar-se “profundamente alarmado” com a escalada de violência em Rakhine.
Rakhine, anteriormente conhecida como Arakan, foi palco de uma operação brutal do exército de Myanmar em 2017, que levou cerca de 740 mil muçulmanos da minoria rohingya a procurar segurança no Bangladesh, país que abriga agora mais de um milhão de rohingyas.
O Exército Arakan, que controla há anos várias zonas de Rakhine, disse em meados de dezembro ter assumido o controlo de toda a fronteira entre o Myanmar e o Bangladesh.
O AA é também membro de uma aliança de grupos étnicos armados, que recentemente conquistaram território estratégico no nordeste do país, na fronteira com a China.
Myanmar está a viver uma espiral de violência desde que o exército birmanês derrubou o Governo democraticamente eleito da líder Aung San Suu Kyi, em fevereiro de 2021.
Depois de o exército ter usado força letal para reprimir manifestações pacíficas, muitos opositores do regime militar pegaram em armas e grandes zonas do país estão agora submersas por conflitos.
O governo militar birmanês intensificou os ataques aéreos nos últimos três anos contra grupos armados pró-democracia conhecidos coletivamente como Força de Defesa do Povo e contra movimentos armados de minorias étnicas, que lutam há décadas por uma maior autonomia. Uns e outros realizam por vezes operações conjuntas contra o exército.
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