“Alguns querem que eu decrete ‘lockdown’. Não vou decretar. E podem ter certeza de uma coisa: o meu Exército não vai para a rua para obrigar o povo a ficar em casa. O meu Exército, que é o Exército de vocês. Fiquem tranquilos no que toca a isso. Agora, vamos ver até onde o Brasil aguenta esse estado. Eu quero paz, tranquilidade, democracia, respeito às instituições. Mas alguns estão se excedendo”, disse hoje Bolsonaro a apoiantes, em Brasília, citado pela imprensa local.
Bolsonaro, um dos chefes de Estado mais negacionistas em relação à gravidade da covid-19 e que desde o início da pandemia se tem posicionado contra as medidas de isolamento social, voltou hoje a defender que a população brasileira saia à rua, num momento de recordes diários de mortes e novos casos de infeção.
“Parece que está a voltar a onda, o ‘lockdown’. Se coloque no lugar do chefe de família que não tem o que levar para casa”, criticou o mandatário, referindo-se às novas restrições impostas por vários governadores e prefeitos em todo o país, para travar a disseminação da doença e de novas variantes, como a detetada no Amazonas (P.1), considera pelo próprio Ministério da Saúde brasileiros como “três vezes mais contagiosa” do que a original.
O chefe de Estado brasileiro elogiou ainda a posição do Japão perante a pandemia, e insinuou existirem tentativas para o derrubarem da Presidência.
“No Japão não tem o fica em casa. E é uma população, acho que talvez a mais idosa do mundo. Mas lá ninguém estava unido para derrubar o Presidente. Assim é quase no mundo tudo. Raro são os países que estão aproveitando a pandemia para tentar derrubar o Presidente”, disse Bolsonaro, sem dar mais detalhes.
O Brasil, um dos três países do mundo mais afetados pela pandemia, totaliza 265.411 mortes e 11.019.344 infeções pelo novo coronavírus.
Face a um forte agravamento da pandemia nas últimas semanas, os hospitais em quase todo o país chegaram a um nível de colapso, a tal ponto que alguns estados, como Santa Catarina, um dos mais prósperos do país, tiveram que transferir dezenas de pacientes para outras regiões diante da falta de camas de cuidados intensivos.
“Tem um grupo da elite brasileira, de esquerda, me denunciando na ONU, Tribunal Penal Internacional, como genocida, dizendo que o Brasil é uma câmara de gás. (…) Agora, eu pergunto: quem é que obrigou o pessoal a ficar em casa, destruiu milhões de empregos?”, criticou ainda Bolsonaro, referindo-se a um manifesto de religiosos e intelectuais que assinaram a “carta aberta à humanidade” denunciando a situação atual do Brasil.
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