“Parabéns aos guerreiros do BOPE e da @PMERJ que neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto, após serem atacados a tiros durante operação contra líderes de fação criminosa”, escreveu Bolsonaro na rede social Twitter.
“A operação vinha sendo planeada há meses e os agentes de segurança monitoravam os passos de chefões do tráfico com objetivo de prendê-los fora da comunidade, o que não foi possível devido ao ataque da fação, fazendo-se necessário o uso da força para conter as ações”, acrescentou.
A polícia do Rio de Janeiro argumentou estar a planear a prisão de um bando de criminosos que estariam escondidos na Vila Cruzeiro para desmantelar o Comando Vermelho, uma fação “com uma ideologia de guerra” e que é “responsável por mais de 80% dos confrontos armados” no Estado do Rio de Janeiro.
A ação terminou com pelo menos 22 mortos, despertando críticas de organizações ligadas à defesa dos direitos humanos como a Amnistia Internacional, que classificou a operação como uma “chacina”.
“Mais uma chacina promovida pelo governo do RJ hoje na Vila Cruzeiro (RJ). 21 pessoas mortas, 12h [horas] de tiroteios, moradores aterrorizados, creches, escolas e postos de saúde fechados. Isso não é normal e não pode ser naturalizado. Vidas negras e faveladas importam!”, defendeu a ONG também na rede social Twitter.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro também admitiu que a alta letalidade da operação policial levantou suspeitas de que aconteceu um massacre.
“Até o momento, a legalidade da operação e a proporcionalidade no uso da força estão sendo investigadas. A alta letalidade da operação levanta a suspeita de que um massacre possa ter sido cometido”, diz nota divulgada conjuntamente pela Controladoria e por o Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Bolsonaro, que defende um dispositivo chamado ‘excludente de ilicitude’ para isentar de punição polícias que matarem suspeitos em ação e o uso da força letal no combate ao crime organizado, argumentou na mesma rede social que “parte dos alvos da operação foram responsáveis pelo assassinato de 13 agentes de segurança pública somente em 2022”.
“‘Especialistas’ omitem essas informações com o intuito de demonizar aqueles que arriscam suas vidas por nós”, referiu o chefe de Estado brasileiro.
“Lamentamos pela vítima inocente, bem como pela inversão de valores de parte da mídia, que isenta o bandido de qualquer responsabilidade, seja pela escravidão da droga, seja por aterrorizar famílias, seja por seus crimes cruéis”, concluiu o Presidente brasileiro, referindo-se a uma mulher de 42 anos morta dentro da sua casa durante a operação.
A Vila Cruzeiro faz parte de um gigantesco conjunto de favelas na zona norte do Rio de Janeiro no qual dirigentes do grupo criminoso Comando Vermelho (CV), um dos mais importantes do Brasil, além do Primeiro Comando da Capital (PCC), mantêm domínio territorial.
O novo episódio ocorreu um ano depois de uma ação policial numa outra favela da zona norte do Rio de Janeiro, a comunidade do Jacarezinho, ter provocado 28 vítimas, tornando-se a operação mais mortífera da história da cidade.
A Procuradoria-Geral da República informou na terça-feira que abriu um inquérito para apurar as circunstâncias das mortes na Vila Cruzeiro e também estabeleceu um prazo de dez dias para que as forças que participaram na operação, que incluiu agentes da Polícia Militar, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária, oferecessem detalhes do planeamento da ação e de tudo o que aconteceu.
Os promotores disseram que vão questionar todos os agentes responsáveis pelas mortes e que vão tentar esclarecer a legalidade de cada uma das ações letais.
O órgão também ordenou que todas as armas dos agentes envolvidos na operação sejam apreendidas e enviadas para perícia.
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