“Israel, para poder candidatar-se, tem que ter o apoio da Europa. Cabe a Portugal e a todos os países europeus dizer claramente que não aceita que Israel se possa candidatar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas quando não respeita as mais básicas resoluções sobre o respeito do povo palestiniano”, disse Catarina Martins, coordenadora do BE, após um encontro com o embaixador da Palestina em Lisboa, Nabil Abuznaid.
Os bloquistas prometem questionar o executivo sobre o assunto e afirmam esperar que a posição portuguesa “seja firme sobre essa matéria”.
“Portugal sempre teve uma posição clara sobre a paz e os direitos do povo palestiniano. Deve agora ter uma voz firme recusando uma candidatura de Israel ao Conselho de Segurança” da ONU (Organização das Nações Unidas), acrescentou.
Sobre a reação do Governo português à decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, Catarina Martins afirmou que a resposta de Lisboa não foi neutra e até a elogiou.
Na segunda-feira, em Bruxelas, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, garantiu que o Governo português transferirá a sua representação diplomática em Israel de Telavive para Jerusalém no “exato dia” em que transferir também para esta cidade a representação na Palestina.
Hoje, a coordenadora do Bloco disse que a posição do executivo de Lisboa não foi neutra, dado que “há uma condenação clara do ponto de vista do país, tanto do parlamento como do Governo, da ação da administração norte-americana”.
Para Catarina Martins, o presidente dos EUA, Donald Trump, que decidiu transferir a embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém, é “um incendiário que está a querer semear a guerra em todos os pontos do planeta”.
O conflito israelo-palestiniano “é mais uma peça desta enorme irresponsabilidade belicista” de Trump e “todos os países devem contrariar e devem assumir as suas responsabilidades em processos de paz”.
Um desses países é Portugal, segundo a líder bloquista, dado que sempre teve, no passado, posições a favor do diálogo e da paz na região.
“Há sofrimento demais e há tantas resoluções de direito internacional. Se começássemos a cumprir um pouco do que foi decidido, poderíamos ter um processo de paz que acabasse com o sofrimento e a opressão terrível a que o povo palestiniano é sujeito”, afirmou Catarina Martins.
A delegação do Bloco era composta por Catarina Martins, a líder parlamentar em exercício, Mariana Mortágua, José Manuel Pureza, vice-presidente da Assembleia da República, e a deputada Isabel Pires.
Trump anunciou em 06 de dezembro que os Estados Unidos reconhecem Jerusalém como capital de Israel e vão transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.
Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.
A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestiniano, um dos mais antigos do mundo.
Israel ocupa Jerusalém oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade de Jerusalém como a sua capital indivisa.
Os palestinianos querem fazer de Jerusalém oriental a capital de um desejado Estado palestiniano, coexistente em paz com Israel.
[Notícia atualizada às 13:04]
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