Biden, o principal candidato à nomeação do Partido Democrata, tem procurado influenciar trabalhadores da indústria automobilística em ‘swing states’ ou ‘Estados pendulares’ – que oscilam entre Democratas e Republicanos -, como o caso do Michigan e Wisconsin, na esperança de reduzir a vantagem que o ex-presidente republicano Donald Trump tem desfrutado entre eleitores brancos sem diploma universitário.
Especialistas em questões trabalhistas observaram que, geralmente, o UAW apoia candidatos mais tarde, devido à variedade de eleitores democratas, republicanos e independentes que integra.
“Em novembro, podemos levantar-nos e eleger alguém que está connosco e apoia a nossa causa, ou podemos eleger alguém que nos divide e luta contra nós a cada passo do caminho. É disso que trata esta escolha”, disse o presidente do UAW, Shawn Fain, ao anunciar o apoio oficial a Biden.
O chefe de Estado discursará na convenção política deste poderoso sindicato, que encerra uma reunião de três dias em Washington para traçar as suas prioridades políticas.
Será o seu primeiro evento político desde as eleições primárias de terça-feira em New Hampshire, onde Trump consolidou o seu domínio sobre os principais eleitores republicanos com uma vitória, e de onde Biden também saiu vencedor.
O Presidente frequentemente autodenomina-se como o líder mais pró-sindicato da história americana, e chegou mesmo a participar num piquete com trabalhadores sindicalizados durante uma greve no outono passado.
Biden”ouviu o chamamento, levantou-se e apareceu”, disse Fain sobre a histórica aparição do chefe de Estado no piquete, traçando um contraste entre os esforços pró-sindicais de Biden e Trump, a quem considerou anti-sindical.
Na segunda-feira, Fain havia sido mais contido nos seus comentários, dizendo no arranque do evento: “Temos de fazer com que os nossos líderes políticos se levantem connosco, apoiem a nossa causa, ou não obterão o nosso apoio”.
Ao longo da convenção, o apoio a Biden entre os membros do sindicato variou desde o entusiasmo à incerteza sobre se deveriam votar nas próximas eleições.
Caroline Loveless, residente em Waterloo, uma cidade do estado do Iowa, e membro aposentada do UAW, disse que votaria com entusiasmo em Biden, relembrando a sua aparição no piquete de greve no ano passado. A eleitora afirmou que essa aparição deveria lembrar aos sindicalistas que Biden está do lado deles.
“Espero que eles não tenham amnésia no dia da eleição”, afirmou Loveless.
William Louis, de Groton, em Connecticut, outro membro do sindicato, disse que embora esteja “farto de políticos”, votará com relutância em Biden, avaliando que o Presidente não conquistou totalmente o voto dos membros, dado o estado atual da economia.
Louis explicou que Biden obteria o seu voto porque Trump, o provável candidato republicano à Casa Branca, “era um péssimo Presidente”.
Leo Carrillo, um membro do UAW de Kansas City, disse que a aparição de Biden no piquete mostrou que “ele estava lá” para os trabalhadores, fator que o ajudou a decidir em quem votar em novembro.
“Para mim significou muito” que um Presidente em exercício demonstrasse esse nível de solidariedade aos trabalhadores do setor automóvel, disse Carrillo.
“Mas há mais trabalho a ser feito”, acrescentou, apontando para uma proposta de legislação que facilitaria a sindicalização ao nível federal. A legislação avançou para o Senado norte-americano, mas não tem apoio suficiente para sobreviver em caso de obstrução.
Na sua tentativa de reeleição, Biden poderá, no entanto, encontrar resistência devido ao seu apoio a Israel na guerra contra o Hamas em Gaza. Alguns membros mais jovens do sindicato ficaram menos entusiasmados com o Presidente por esse motivo.
Johannah King-Slutzky, estudante de pós-graduação da Universidade de Columbia e membro do sindicato dos trabalhadores estudantis do UAW, foi um dos vários participantes que gritaram “cessar-fogo já” durante o discurso de Fain na tarde de segunda-feira. O sindicato apelou a um cessar-fogo em Gaza em dezembro.
“Neste momento, ele (Biden) não fez nada para ganhar o meu voto”, disse King-Slutzky, porque “não agiu com urgência para parar o genocídio em Gaza”.
Brian Rothenberg, um ex-porta-voz do sindicato, indicou que o apoio do ‘United Auto Workers’ é importante porque as sondagens mostram que muitos membros do sindicato ficam frequentemente indecisos na primavera que antecede a eleição presidencial.
As sondagens internas do UAW mostraram no passado que na primavera e no início do verão, 30% dos membros apoiam o Partido Republicano, 30% apoiam os democratas e os 40% restantes oscilam entre os partidos, segundo Rothenberg.
No dia da eleição, os membros e aposentados do UAW geralmente votam 60% nos democratas, acrescentou Rothenberg, agora consultor de relações públicas no Ohio.
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