Qual é a notícia?
O alegado balão espião chinês que sobrevoava o território norte-americano desde terça-feira foi hoje abatido por aviões caça da Força Aérea do país.
O episódio representa um novo ponto de tensão entre os Estados Unidos da América e a China. Depois de forte pressão pública e política — em particular por parte do partido Republicano — o Presidente dos EUA, Joe Biden, assumiu ter dado a ordem para o abate.
“Eles abateram (o balão) com sucesso e quero elogiar os nossos pilotos que o fizeram”, disse Biden, agradecendo à Força Aérea.
Porque é que não foi logo abatido?
Inicialmente, o Pentágono (Departamento de Defesa norte-americano) recomendou que nenhuma ação fosse tomada contra o balão, por questões de segurança, alegando que os destroços poderiam cair sobre a população. Além disso, a China confirmou que o balão era seu, mas era apenas “um dispositivo civil para fins meteorológicos”.
No entanto, as autoridades norte-americanas suspeitaram desde logo tratar-se de um aparelho com fins de vigilância, ou seja, para fins de espionagem.
Ao longo do dia, fontes governamentais já tinham admitido a possibilidade de o balão ser abatido e o tráfego aéreo já tinha sido restringido em três aeroportos do sudeste dos Estados Unido, na Carolina do Norte e na Carolina dos Sul, como medida de "segurança nacional", disse hoje o órgão regulador da aviação civil americana (FAA).
Foi assim decidido que, logo que o balão sobrevoasse o Oceano Atlântico, seria abatido — e assim foi.
E agora?
De acordo com fontes militares, está em curso uma operação para recuperar os destroços do balão abatido sobre as águas da costa leste dos Estados Unidos, quando voava a 60.000 pés.
Os ‘media’ norte-americanos estão a citar fontes que relatam ter visto o balão a ser abatido, depois de vários aviões caça terem sobrevoado a área onde ele se encontrava, na costa leste, tendo sido “atingido por um míssil ou dispositivo semelhante”.
As imagens televisivas mostram uma explosão no balão e a sua posterior queda, com os aviões norte-americanas a passar nas imediações.
Quais são as repercussões?
A presença deste dispositivo chinês no espaço aéreo dos Estados Unidos provocou a mais recente crise diplomática entre Washington e Pequim e levou à suspensão da viagem que o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, planeava fazer à China, supostamente para ultrapassar as tensões entre os dois países em questões como Taiwan, direitos humanos, reivindicações da China na Ásia, Coreia do Norte, guerra russa contra a Ucrânia, política comercial e alterações climáticas.
A visita de Blinken a Pequim, originalmente marcada para domingo e segunda-feira, “foi adiada” e será remarcada quando “as condições estiverem certas”, de acordo com um responsável, que pediu para não ser identificado, do Departamento de Estado.
A viagem tinha sido combinada pelos Presidentes chinês, Xi Jinping, e norte-americano, Joe Biden, em novembro do ano passado, quando se reuniram à margem de uma cimeira na Indonésia. A visita de Blinken não foi formalmente anunciada, mas elementos dos governos em Pequim e Washington falaram nos últimos dias sobre a deslocação.
O que agravou esta situação foi o engenho ter passado sobre o estado de Montana (nordeste), onde se encontra um dos três locais de silos de mísseis nucleares em solo norte-americano.
A China, como reagiu?
Ao abate ainda não houve uma reação oficial — o que não surpreende, dado que, devido à diferença horária, já seja de madrugada em Pequim.
No entanto, prevê-se que não será positiva, porque a posição oficial chinesa foi, como acima mencionado, de considerar este episódio um acaso infeliz.
“Esta situação foi completamente inesperada, mas os factos são muito claros. Trata-se de um dispositivo civil para fins meteorológicos”, insistiu hoje um porta-voz da diplomacia chinesa.
Este porta-voz acrescentou que o aparelho foi afetado pelas correntes geradas pelos ventos de oeste das zonas centrais do planeta e que, “pelo facto de a sua capacidade de manobra ser muito limitada, acabou por se desviar muito da sua trajetória prevista”.
“A China sempre agiu em estrita conformidade com o Direito Internacional e respeita a soberania e integridade territorial de todos os países. Não temos intenção de violar e nunca violamos o território ou espaço aéreo de qualquer país soberano”, garantiu a diplomacia chinesa.
Não obstante, os EUA aceitaram as desculpas mas não voltaram atrás com a decisão. "Tomamos conhecimento de que a China lamenta o ocorrido, mas a presença desse balão no nosso espaço aéreo é uma violação clara da nossa soberania, assim como do Direito Internacional, e é inaceitável", afirmou um funcionário americano que pediu para não ser identificado.
Ainda assim, apesar do abate deste balão, o caso pode não ficar por aqui.
Porquê?
Porque hoje foi avistado um segundo balão de origem chinesa, desta vez a sobrevoar a América Latina. "Estamos a avaliar se é mais um balão de vigilância chinês”, disse o porta-voz do Pentágono, brigadeiro Pat Ryder, numa declaração enviada à imprensa.
Também o jornal La Nacion da Costa Rica publicou um artigo sobre um objeto voador branco, semelhante a um balão de ar quente, avistado sobre o país latino-americano.
*com agências
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