A intervenção inicial de Joe Berardo na comissão de inquérito parlamentar à Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi lida pelo seu advogado, André Luiz Gomes, uma declaração na qual o empresário considera que tem servido de bode expiatório.
“O meu nome e a minha situação creditícia têm servido como justificação para todos os males que afligiram a gestão da CGD nas últimas décadas”, afirmou na declaração lida aos deputados.
Sobre as notícias de que só tem em seu nome uma garagem no Funchal, a declaração de Berardo lamenta que pessoas sujeitas ao sigilo bancário fizessem crer isso aos jornalistas, considerando essa “informação parcial e deturpada”.
“Fizeram crer aos senhores jornalistas que só tinha em meu nome uma garagem, pois grato ficaria que os bancos aceitassem ficar com essa garagem no Funchal em troca de todos os ativos que lhes fui entregando pessoalmente e de boa-fé em garantias de dívidas de instituições que represento numa altura em que foi essencial no sistema bancário nacional que as dívidas não entrassem em incumprimento em virtude da situação dos mercados financeiros e da fragilidade do sistema financeiro português”, afirmou.
O empresário Joe Berardo tem sido dos clientes bancários mais falados na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD.
Segundo a auditoria da EY à gestão da CGD entre 2000 e 2015, o banco público tinha neste ano uma exposição a Joe Berardo e à Metalgest, empresa do seu universo, na ordem dos 321 milhões de euros.
Os empréstimos a Joe Berardo serviram para financiar a compra de ações do BCP, naquilo que alguns deputados já classificaram de “assalto" ao banco, em 2007, cuja garantia eram as próprias ações, que depois desvalorizaram praticamente na totalidade, gerando grandes perdas para o banco público.
O património de Joe Berardo tem sido escalpelizado na comissão, tendo sido repetido várias vezes durante as audições que o único bem registado em seu nome é "uma garagem na Madeira".
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