Numa conferência de imprensa sobre a decisão do Presidente da República de dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas para 10 de março, Mariana Mortágua escusou-se a responder a perguntas sobre a possibilidade de uma nova `geringonça´ ou sobre os possíveis candidatos à liderança do PS, justificando que “preocupação do Bloco de Esquerda é encontrar soluções para o país” nas áreas onde se vivem diferentes problemas como a saúde, a educação, a habitação ou os salários.
“Marcamos uma reunião da Mesa Nacional para o próximo dia 19 de novembro. Vai discutir a situação política, vai definir um calendário do BE para as próximas eleições”, adiantou.
Os primeiros nomes do BE para estas eleições serão aprovados em dezembro, de acordo com Mariana Mortágua, que apontou para janeiro o programa eleitoral para apresentar ao país “com alternativas para aquilo que conta e para aquilo que interessa à vida das pessoas”.
Sobre o facto de o Governo ficar demissionário durante pelo menos quatro meses, a líder do BE considerou “muito preocupante”.
“Todo o tempo que se passa com um governo demissionário é uma situação que se arrasta e que nada traz de bom para as soluções que o país precisa. Compreendemos, no entanto, a necessidade que a marcação das eleições respeite os processos internos democráticas de cada partido para que todas as forças políticas possam participar em igualdade de circunstâncias nas eleições”, disse.
Interrogada sobre a permanência de João Galamba como ministro das Infraestruturas, Mariana Mortágua defendeu que os ministros que “estão a ser investigados têm uma responsabilidade principal por proteger as instituições democráticas de toda esta crise política que está em curso”.
“O importante agora é que esta crise tenha um fim o mais rapidamente possível e que possamos clarificar toda a situação política e democrática com eleições”, disse.
Questionada sobre a disputa eleitoral interna no PS, a líder do BE sublinhou que o seu papel “não é comentar os processos internos de outros partidos” e insistiu, mais do que uma vez, na ideia da responsabilidade de apresentar soluções para a vida das pessoas.
“Às pessoas preocupam duas coisas: a falta de credibilidade da política e a falta de capacidade da política para encontrar soluções para o que importa. Enquanto vivemos uma crise política as casas continuam a ser impagáveis e os hospitais continuam com as urgências fechadas, as escolas continuam sem os professores”, reiterou.
Assegurando que o partido “está do lado da esquerda como o próprio nome indica e está do lado das soluções”, Mortágua defendeu que a estabilidade do país “não é uma geometria política nem partidária”.
“Podemos querer transformar isto num exercício de geometria, mas nenhum exercício de geometria consegue ultrapassar a única condição de estabilidade que são as políticas que garantem a vida das pessoas”, disse.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e o ‘data center’ de Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
Na investigação, de acordo com a Procuradoria-Geral da República, podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
No dia da demissão, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça.
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