Seis médicos do serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, apresentaram a demissão, incluindo a ex-diretora de obstetrícia, Luísa Pinto, que fala em condições de insegurança e acusa a administração de falta de respeito.
Segundo o requerimento do BE no qual são pedidas estas audições urgentes na comissão parlamentar de saúde, a “situação no serviço de obstetrícia do Hospital de Santa Maria (CHULN) estava a degradar-se há várias semanas”.
“Para isso contribuiu o anúncio do encerramento da maternidade que não foi nem comunicado nem combinado com as equipas, a demissão de profissionais por parte do Conselho de Administração por divergência de opinião, as falsas acusações de baixa de ‘produtividade’ às equipas que tantas vezes faziam 500 ou 600 horas extraordinárias para garantir o pleno funcionamento dos serviços, a deslocação forçada destes profissionais para outro hospital ou a deterioração das condições assistenciais”, referem os bloquistas.
O BE recordou ainda que, perante esta situação, o BE “requereu a audição de entidades, interpelou o Ministério, apelou a que o PS e o Governo tivessem bom senso e abandonassem o caminho de destruição em que estavam apostados”.
“Tudo em vão. Pelos vistos as exonerações arbitrárias, a destruição da equipa, o encerramento da maternidade, a deterioração dos cuidados assistenciais, o achincalhamento dos profissionais de saúde, tudo isso não era um acaso. Era propositado. Um plano a executar, secundado pelo Governo, ao mesmo tempo que se abria o SNS às maternidades privadas e se transferiam para elas mais e mais partos”, acusou o partido no requerimento assinado pela deputada Catarina Martins.
Para o BE, “com a saída destes profissionais a área da obstetrícia, já crítica, fica ainda mais pobre” e “as escalas que já se faziam a custo de centenas e centenas de horas extraordinárias ficarão ainda mais difíceis”.
A notícia foi avançada pelo semanário Expresso e confirmada à Lusa por Luísa Pinto, que apresentou a sua demissão hoje de manhã, na sequência de um acumular de situações que, no seu entender, colocam em causa as condições de segurança do serviço de Obstetrícia e Ginecologia.
“Aquilo que me prendia, deixou de existir. O nosso hospital parece não nos querer aqui”, afirmou Luísa Pinta, acrescentando que, apesar de se preocupar com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), “se não nos querem, é melhor sairmos com dignidade”.
Segundo explicou à Lusa, a sua decisão e de outros cinco colegas está relacionada com o plano da Direção Executiva do SNS para a resposta de Obstetrícia e Ginecologia, que previa que, enquanto o bloco de partos do hospital de Santa Maria estivesse fechado para obras — entre os meses de agosto e março do próximo ano – os serviços ficassem concentrados no Hospital S. Francisco Xavier.
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