Em causa está uma denúncia da coordenação distrital de Aveiro do partido sobre a unidade fabril que, instalada na freguesia de Rio Meão e "adquirida pelo Grupo Amorim num passado recente", informou os operários de que esses apenas "teriam direito a duas máscaras descartáveis por semana, decisão que viola claramente o prazo de validade" dessa proteção facial respiratória.
Citando as indicações da Direção-Geral da Saúde (DGS), o BE alerta que "a máscara deve ser colocada aquando da entrada na instituição, poderá ser mantida durante quatro a seis horas e [deve ser] nessa altura substituída", o que se recomenda também sempre que a mesma proteção "estiver húmida".
O deputado Moisés Ferreira declara, contudo, que a Socori não vem cumprindo essas normas sanitárias: "No início da pandemia, a empresa afixou a indicação de que forneceria apenas uma máscara descartável por trabalhador a cada quatro semanas. Depois, passou a ser uma por semana e, agora, em alguns sectores, são duas por semana. Mas, mesmo assim, continua a incumprir com as recomendações da DGS".
O partido diz que, sendo a empresa da Amorim, "esperava-se pelo menos que cumprisse escrupulosamente com as normas da DGS" e alerta que a situação "está a provocar alarme social junto dos trabalhadores, que, obviamente, temem pela sua saúde".
Além da insuficiência de proteções respiratórias, há ainda duas outras acusações contra a Socori, a primeira das quais de discriminação social, já que, segundo o BE, a empresa "apenas impõe estas limitações aos setores da produção", sendo que "engenheiros, diretores e pessoal do escritório têm máscaras diferentes".
A outra denúncia prende-se com punições laborais relacionadas com o receio dos operários quanto à sua saúde, com o partido a explicar: "Um trabalhador da empresa encontrou no armazém uma caixa de máscaras que levou para os balneários e começou a usá-las de acordo com as recomendações da DGS. Estranhamente, a empresa suspendeu-o e depois despediu-o".
Defendendo que "é inadmissível que ainda existam empresas que se recusem a cumprir com as normas da DGS, deixando assim os trabalhadores em risco", o BE já pediu a intervenção do Ministério do Trabalho, questionando se a Autoridade para as Condições do Trabalho está a par do "grave atropelo" que se verifica na Socori, qual a avaliação dessa entidade após recentes fiscalizações à fábrica e que medidas adotará "para anular o despedimento ilícito" aí ocorrido.
A Lusa tentou obter um esclarecimento telefónico da Socori - Sociedade de Cortiças de Rio Meão S.A., mas a empresa não esteve contactável.
Já pela parte da Corticeira Amorim, fonte oficial afirma: "A Socori é uma empresa recente no universo Amorim. A gestão nesta altura é assegurada pelos nossos sócios internacionais e apenas em 2022 será integralmente gerida pela Corticeira Amorim. Todavia, vamos averiguar o sucedido e, tendo havido um desvio nos nossos procedimentos de combate à pandemia, alinharemos desde logo todas as medidas com as melhores práticas implementadas nas restantes unidades de negócio da Corticeira Amorim".
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