“Não devemos misturar questões orçamentais com as questões sobre as próprias carreiras [profissionais]. É uma falsa questão dizer que não há dinheiro para contabilizar o tempo de serviço dos trabalhadores”, sustentou Catarina Martins, questionada pelos jornalistas, hoje, em Coimbra, depois de ter participado numa reunião com trabalhadores dos CTT.
“Essa foi a desculpa utilizada para todas as conquistas que foram feitas logo no início da [atual] legislatura, como, por exemplo, acabar com os cortes inconstitucionais dos salários, garantir o aumento do salário mínimo ou o descongelamento das pensões”, recordou a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE).
“Disse-se que não havia dinheiro e não era verdade”, salientou.
Ficou provado, aliás, que, “quando se recuperam os rendimentos do trabalho, salários e pensões, a economia melhora e as contas públicas também melhoram porque, como todos nós sabemos, os enfermeiros, como os outros trabalhadores, não vão colocar o seu dinheiro em ‘offshores’, vão utilizá-lo naquilo que precisam e, com isso, vão dinamizar a economia portuguesa”, defendeu Catarina Martins.
“Foi isso que provámos, nos vários setores da economia, e isso continua a ser verdade e é nisso que o Bloco de Esquerda continua a acreditar”, sublinhou.
Sobre a proposta do Governo para ultrapassar o conflito com os enfermeiros, que está em debate público, Catarina Martins considera que ela tem “uma falha grave”, pois não “reconhece o tempo de serviço” destes profissionais, colocando aqueles que “têm muito tempo de serviço, que foram avaliados, que progrediram na carreira” com “um salário como se tivessem começado a trabalhar agora”.
Essa situação “não é aceitável”, pois “em todas as carreiras, o tempo de serviço, as responsabilidades dos trabalhadores, a sua avaliação, devem ser tidas em conta”, para os enfermeiros e para todos os profissionais, sustentou a líder bloquista.
A proposta para os enfermeiros é “parecida” com aquela que o Governo fez para os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, que “foi publicada em decreto-lei, contra a opinião dos sindicatos” e sobre a qual “o BE pediu a apreciação parlamentar”, acrescentou.
“Se o Governo insistir no [mesmo] erro em relação aos enfermeiros”, o Bloco de Esquerda “não deixará de fazer o mesmo”, isto é, de pedir a apreciação do diploma na Assembleia da República.
Mas, sublinhando que a proposta está em debate público, a coordenadora do BE defendeu: “O que nós esperamos é que o Governo compreenda a absoluta necessidade de respeitar as carreiras e o tempo de serviço e a correta contagem desse tempo de serviço”, concluiu Catarina Martins, insistindo que “isto é válido para todas as carreiras, seja no [setor] público ou no privado”.
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