Muitos estabelecimentos comerciais vão encerrar na segunda-feira, 19 de setembro, para o funeral de Estado da rainha Isabel II. O Reino Unido declarou feriado para o evento, que contará com a presença de dezenas de líderes mundiais e será acompanhado por milhões de pessoas em todo o mundo na televisão e nas redes sociais.
As escolas britânicas e a Bolsa de Valores de Londres estarão fechadas nesse dia, como é o caso em todos os feriados do Reino Unido, e os hospitais adiaram várias consultas. Os maiores supermercados do Reino Unido, liderados por Tesco e Sainsbury's, vão estar fechados, assim como a loja de roupas Primark ou os restaurantes McDonald's.
No entanto, se estas iniciativas têm sido entendidas como razoáveis e respeitosas dada a solenidade do momento que o Reino Unido atravessa e o facto de esta ser uma data de feriado oficial, outras têm sido tidas como exageradas e zelosas a um nível a raiar o absurdo.
Um dos exemplos mais notórios prende-se com a empresa Center Parcs, que anunciou que iria fechar os seus resorts de férias esta segunda-feira, o que obrigaria os seus clientes a abandonar os locais onde se encontravam hospedados "por respeito e para permitir que o maior número possível de funcionários faça parte deste momento histórico".
Após as reclamações, no entanto, a Center Parcs disse que os hóspedes que ainda estivessem de férias nas suas instalações teriam permissão para ficar, mas que aqueles que estavam agendados para entrar na segunda-feira teriam de atrasar a sua chegada por um dia. "Depois de refletir e ouvir, tomamos a decisão de permitir que os hóspedes com estadias mais longas fiquem (...) a 19 de setembro", anunciou a empresa.
Já o aeroporto de Heathrow, em Londres, indicou que são prováveis novas interrupções nos voos. "Prevemos mais mudanças nas operações de Heathrow... quando o funeral de Sua Majestade acontecer", disse um porta-voz.
O tráfego aéreo sobre o centro de Londres já tinha sido limitado esta quarta-feira durante a transferência do caixão da rainha do Palácio de Buckingham para Westminster "por respeito às homenagens".
Outra iniciativa recebida com um misto de indignação e ridicularização foi o apelo da British Cycling — a federação de ciclismo do Reino Unido — para que as pessoas não andassem de bicicleta no dia do funeral. Após um coro de críticas, o órgão alterou a sua postura, dizendo antes que os britânicos não devem participar em eventos desportivos de ciclismo ou sessões de treino por respeito à monarca.
Ideia similar teve a cidade de Norwich, que agraciou os seus habitantes com a seguinte mensagem num estacionamento de bicicletas: "Aviso antecipado. Período de luto real. Este estacionamento de bicicletas estará encerrado desde sexta-feira, 9 de setembro, até quarta-feira, 23 de setembro", sem explicar porquê. Mais tarde, um funcionário disse aos media que a medida prendeu-se com o facto do local de estacionamento se encontrar junto a um local de tributo onde as pessoas podem deixar flores.
Uma das medidas que levou a protestos mais acirrados foi a decisão de vários bancos alimentares encerrarem os seus serviços durante o dia do funeral, forçando a Trussell Trust, a ONG responsável por geri-los, a dar explicações públicas.
A decisão foi tomada autonomamente pelos bancos alimentares de Stoke-on-Trent, East Elmbridge, East Grinstead, Grantham, Ringwood, South Sefton e Wimbledon para permitir que os seus voluntários pudessem assistir as cerimónias. No entanto, a Trussell Trust foi forçada a anunciar que manteria estes bancos abertos depois de receber "um apoio esmagador", tendo "voluntários suficientes para manter as sessões de segunda-feira".
Outra iniciativa mais benigna, mas também insólita, foi a de um grupo de agricultores que optou por fazer uma guarda de honra nos seus tratores no momento em que o corpo da rainha foi transportado de Balmoral para Edimburgo, no domingo. Um deputado conservador descreveu o momento como "muito tocante" e "uma demonstração incrível de puro respeito".
Em sentido contrário a outros acima mencionados, o maior grupo de pubs do Reino Unido disse que planeia manter os pubs abertos e exibir o funeral nas suas televisões.
"A morte de Sua Majestade a Rainha Isabel II é um momento importante e triste", disse o grupo Stonegate, que administra cerca de 4.500 estabelecimentos, em comunicado. "Os nossos 'pubs', bares e espaços vão continuar abertos e, na medida do possível, transmitirão o funeral (...) para homenagear a sua vida e o seu serviço", acrescentou a empresa.
Muitos outros 'pubs' planeiam continuar a operar, como o Greene King, que abrirá todos os seus estabelecimentos no centro de Londres, permitindo que as "comunidades se unam".
Comentários