“Estamos numa encruzilhada, e o caminho que escolhermos vai determinar o nosso futuro”, disse Ajay Banga na intervenção de abertura da sessão sobre o financiamento da agricultura, na qual explicou que “o novo ecossistema do Banco Mundial deixa os esforços fragmentados para embarcar numa constelação de soluções que incluem tudo, desde o armazenamento até à logística, passando pela produção, mas colocando os pequenos agricultores e produtores no centro da nova estratégia”.
O novo envelope financeiro de 9 mil milhões de dólares por ano, cerca de 8,3 mil milhões de euros, vai servir para abordar as quatro novas tendências que Banga diz estarem a ter impacto na agricultura: alterações climáticas, inovações financeiras, digitalização e fragmentação.
Além disso, continuou, “pretende aproveitar o estimado aumento de 60% na procura alimentar nas próximas décadas, e responder à necessidade crítica de empregos nos mercados emergentes”, num contexto de transformação do próprio Banco Mundial, que desde a tomada de posse de Ajay Banga está num processo de reestruturação com o objetivo de unificar a resposta às necessidades, utilizando as várias ferramentas disponíveis nas diversas instituições do grupo.
“Esta abordagem mais integrada vai juntar todos os recursos da instituição para garantir um apoio abrangente e soluções desenhadas à medida das necessidades”, acrescentou o antigo presidente da Mastercard, exemplificando que o braço do Banco Mundial para o setor público pode ajudar a criar novos enquadramentos legais para ajudar à exportação de alimentos, e pode também ajudar a redirecionar parte dos 1,25 biliões de dólares (1,1 biliões de euros) gastos em subsídios aos combustíveis, enquanto a parte do Banco Mundial para o setor privado pode disponibilizar garantias aos investidores que querem apostar no agronegócio.
Intervindo na sessão que decorreu na sede do Banco Mundial, no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, esta semana em Washington, Vera Daves de Sousa salientou a importância da agricultura para o desenvolvimento e a diversificação económica de Angola, defendendo que a reformulação do sistema financeiro é fundamental para captar o interesse dos investidores.
“Temos de reformular as instituições financeiras para garantir seguros, os bancos têm de ter salas de investimento que estão prontas para analisar um projeto agrícola e perceber a sua viabilidade e é preciso criar as bases para captar o interesse de investidores”, disse a ministra das Finanças de Angola.
Vera Daves de Sousa defendeu também a necessidade de “criar linhas de financiamento para colocar liquidez nos bancos” e permitir assim que consigam financiar a expansão da agricultura familiar para o agronegócio”.
Em Angola, a agricultura é um dos setores que mais tem crescido nos últimos anos, ocupando uma parte cada vez maior do PIB, embora cerca de 80% seja ainda de âmbito familiar, e é descrita no Plano Nacional de Desenvolvimento como um dos dois pilares fundamentais para a diversificação e desenvolvimento do país.
Mário Baptista, enviado da agência Lusa.
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