“Não nos escondemos como outros fazem em falsas listas de independentes que mais não são do que um instrumento para projetos pessoais ou de grupo”, referiu o dirigente comunista, durante uma ação de pré-campanha em Loures, no distrito de Lisboa, com candidatos independentes que integram as candidaturas da CDU.
Ladeado pelo presidente do município e recandidato ao cargo, Bernardino Soares (eleito pela CDU), e pela deputada e membro da comissão executiva nacional do PEV Mariana Silva, o secretário-geral comunista sublinhou que foi o executivo da CDU em Loures “a resolver o desequilíbrio financeiro herdado pela gestão PS”, assim como em Évora.
O município de Évora mereceu, aliás, uma nota particular de Jerónimo de Sousa, depois das críticas feitas pela coordenadora do BE, Catarina Martins, e do presidente social-democrata, Rui Rio, sobre o veto do Presidente da República ao diploma do parlamento que altera as regras de enquadramento do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL).
À semelhança do que o PCP já tinha dito durante a tarde de hoje, o secretário-geral referiu que “só por ignorância ou má-fé se pode” invocar o município de Évora, onde “o rigor” da gestão da CDU, advogou, “permitiu liquidar em 2019 o PAEL, esse instrumento da Troika, um verdadeiro pacto de agressão contra as populações e o poder local”.
O membro do Comité Central do PCP também destacou que a CDU é a “força política com mais mulheres candidatas à presidência de câmaras municipais” e que “45% do total de candidatos, 184 dos quais como cabeça de lista a câmara e assembleias municipais” são mulheres.
Já com notas para o período após as autárquicas, Jerónimo de Sousa disse que o futuro tem de ser construído “a partir uma outra política nacional”.
O PS “teve toda a oportunidade para encetar uma política alternativa”, mas “não o fez porque são outros os seus compromissos”.
Jerónimo diz que apenas o "défice produtivo" deve interessar ao país
O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, insurgiu-se hoje contra o despedimento de 130 trabalhadores da Saint-Goban Sekurit, defendendo que “são muito diversos os défices na sociedade portuguesa”, mas apenas o “défice produtivo” interessa ao país.
“Vivemos uns tempos muito difíceis, em que os défices são muito diversos na sociedade portuguesa, mas há um défice decisivo. É o défice produtivo. Um país que não produz é um país sem futuro. É um país que está condenado quando podia produzir cá dentro o que tem de ir comprar lá fora”, disse o secretário-geral do PCP, durante uma ação de pré-campanha da CDU para as eleições autárquicas, em Loures, no distrito de Lisboa.
O dirigente comunista referia-se ao encerramento e despedimento de 130 funcionários da produtora de vidro Saint-Goban Sekurit e criticou o “silêncio do Governo do PS”.
Para o membro do Comité Central, a decisão de encerramento é “mais um atentado à capacidade produtiva nacional e aos direitos dos trabalhadores”, razão pela qual se impõe “uma intervenção enérgica em sua defesa”.
“Podíamos dizer que a Saint-Goban é mais uma empresa. Não, meus amigos, era a única empresa produtora de vidro. Os vidros vão continuar a ser necessários, com certeza, para a produção diversa, porque se partem. Mas então o que é que leva uma multinacional, que teve 1.200 milhões de euros de lucros e dividendos, a decidir fechar esta empresa”, questionou.
A hipótese de resposta surgiu imediatamente. Jerónimo de Sousa advogou que a empresa vai fechar “já na perspetiva de abrir uma coisa parecida lá para o Norte”.
“Vamos a ver se esta mesma multinacional, que está a despedir e quer despedir trabalhadores, não está à espera do tal fundo do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] para, noutro sítio, sacar mais umas centenas de milhares ou milhões de euros”, completou.
A Saint-Gobain Sekurit vai cessar a atividade produtiva em Portugal “devido aos prejuízos acumulados nos últimos anos”, tendo já iniciado o processo de despedimento coletivo dos 130 trabalhadores, anunciou na terça-feira a empresa do Grupo Saint-Gobain.
“A Saint-Gobain Sekurit Portugal vai cessar a sua atividade produtiva devido aos prejuízos acumulados nos últimos anos, causados pela crise do setor automóvel e agravados pela baixa competitividade dos produtos da empresa face aos seus concorrentes no mercado internacional”, refere em comunicado.
Segundo adianta, foi já iniciado o processo de despedimento coletivo dos 130 trabalhadores, através de comunicação formal à Comissão de Trabalhadores e à Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).
De acordo com a empresa, e “face à situação que ao longo dos últimos anos tem penalizado os trabalhadores, que viram os seus salários congelados, a Saint-Gobain Sekurit Portugal irá propor indemnizações superiores às previstas legalmente, além de benefícios complementares ao valor da indemnização que, de algum modo, ajudem a compensar a perda dos postos de trabalho”.
Entre 2018 e 2020, a fabricante de vidro automóvel - implantada em Santa Iria da Azoia, no município de Loures - diz ter acumulado um prejuízo de 8,5 milhões de euros, cobertos pelo acionista “através de financiamentos sucessivos”.
Em 2019 registou “um decréscimo no volume de negócios de 18%, correspondente a uma quebra de 10 milhões de euros, que se acentuou em 2020 com uma diminuição de 37%, cerca de menos 17 milhões de euros”, acrescenta a empresa.
“Todos os indicadores financeiros da empresa são negativos e não se vislumbra que nos próximos anos possam ser invertidos, colocando pressão sobre outras unidades do grupo, que estão a suportar os prejuízos da Saint-Gobain Sekurit Portugal”, sustenta.
Em Portugal, o Grupo Saint-Gobain emprega atualmente cerca de 800 colaboradores distribuídos por 11 empresas e oito fábricas, somando um volume de faturação na ordem dos 180 milhões de euros.
O grupo recorda ter iniciado na Maia a construção de uma nova fábrica para a Saint-Gobain Abrasivos, com 9.000 metros quadrados, e atualizado o parque industrial e o forno para transformação de vidro da unidade de produção da Covipor, em Santo Tirso.
(Artigo atualizado às 20:40)
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