"Quando se diz que alguma coisa é fabricada e tem propósitos políticos, a primeira interpretação é que alguém maldosamente no espaço político está a querer criar embaraços políticos ao Governo, não vejo quem possa ser, mas cabe ao ministro esclarecer", disse o presidente social-democrata, Pedro Passos Coelho, na primeira ação de campanha do dia, em Fafe, no distrito de Braga.
Em declarações à agência Lusa no domingo, o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, admitiu que o noticiado relatório dos serviços de informações militares sobre o furto de armamento da base de Tancos tenha sido fabricado e que possam existir "objetivos políticos" na sua divulgação.
Recusando fazer “insinuações ou sugestões”, Passos Coelho considerou ainda que “há responsabilidade do Governo que não está a ser tomada”.
“O Governo tem sido desastroso e desastrado a gerir esta matéria”, acusou.
Com a caravana socialista a só ‘arrancar’ ao final da tarde para a campanha, com uma iniciativa em Águeda, coube ao vice-presidente da bancada do PS Pedro Delgado Alves responder, acusando o PSD de estar envolvido na divulgação e na tentativa de credibilização de um relatório sem qualquer suporte real sobre o furto de armas em Tancos para criar "chicana política" em período eleitoral.
“O PSD tem de explicar qual o motivo para ter contribuído de forma irresponsável - numa atitude que não é compaginável com o seu papel de partido estruturante da democracia - na divulgação e tentativa de credibilização de algo que não tem suporte na realidade", criticou.
Posteriormente, em declarações à Lusa, o deputado social-democrata Sérgio Azevedo repudiou as "insinuações torpes e fantasiosas do Governo e do PS" sobre um alegado envolvimento do PSD na divulgação de um relatório atribuído pelo Expresso a "serviços de informações militares".
Em campanha pela cidade do Porto, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, foi moderado nos comentários ao caso, reiterando que merece cabal esclarecimento: "Faça-se o apuramento da verdade toda", pediu Jerónimo de Sousa.
As eleições alemãs de domingo, que deram um resultado histórico à extrema-direita, que chega ao parlamento pela primeira vez desde a II Guerra Mundial e torna-se a terceira força política, entraram também nos comentários que os líderes partidários vão fazendo à margem da campanha para as autárquicas, com o líder do PSD a admitir que “não se "adivinha fácil" a formação do Governo.
A CDU da chanceler alemã, Angela Merkel, venceu as eleições com 33% dos votos, menos que os 41,5% conseguidos há quatro anos, preparando-se para cumprir o seu quarto mandato. Em terceiro lugar ficou a AfD, com 12,6% dos votos. O partido, com apenas quatro anos, é o primeiro à direita dos conservadores a entrar no parlamento em 60 anos.
Pelo BE, a coordenadora nacional, Catarina Martins, em campanha pelo distrito de Setúbal, considerou o resultado "um enorme sinal de alerta" sobre a situação europeia, com a extrema-direita a “cavalgar o descontentamento das pessoas” por falta de resposta do “centrão”.
A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, em campanha por Lisboa, onde também é candidata, expressou igualmente preocupação pelo crescimento da extrema-direita, sublinhando que "derivas radicais à esquerda e à direita não são boas, não têm boas experiências históricas".
"O futuro está na mão dos portugueses e não na Alemanha. Ao contrário daquilo que alguns afirmam, prefiro acreditar mais no meu povo do que propriamente na Alemanha", disse, por seu lado, o líder comunista.
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