No PSD, a meta para as eleições autárquicas que se irão realizar no outono de 2017 foi traçada ainda antes do verão: ganhar o maior número de câmaras municipais e juntas de freguesia.
Um objetivo que o presidente do partido, Pedro Passos Coelho, já assumiu como "muito ambicioso", até porque o PS leva cerca de meia centena de câmaras de avanço, depois de em 2013 ter vencido em 150 autarquias, contra as 106 conquistadas pelos sociais-democratas (20 das quais em coligação), naquele que foi o pior resultado do PSD desde que se realizaram pela primeira vez eleições autárquicas, em 1976.
Alvo de críticas internas pela forma como está a conduzir a oposição ao Governo, Passos Coelho tem, contudo, tentado vincar a diferença entre autárquicas e legislativas, recusando leituras nacionais e uma ligação direta dos resultados nas eleições locais com a sua liderança.
Com as próximas diretas para a liderança do PSD previstas para o início de 2018, para já apenas o ex-presidente da câmara do Porto Rui Rio admitiu a hipótese de avançar com uma candidatura, depois de vários desmentidos às notícias que vinham surgindo nos últimos meses.
Esta semana, a pressão em torno de Passos Coelho voltou a subir, com o antigo vice-presidente do PSD Carlos Encarnação a falar na hipótese da convocação de um congresso extraordinário e o semanário Expresso a avançar que críticos do atual líder social-democrata já recolheram as 2.500 assinaturas necessárias para a realização de uma reunião magna do partido no início do próximo ano e, portanto, antes das autárquicas.
Mas, para Passos Coelho, só em 2018 será altura para pensar no futuro: "Nessa altura [2018] avaliaremos aquilo que é melhor para o PSD para futuro", disse este mês.
Para o problema deixado pela recusa de Pedro Santana Lopes em se candidatar à câmara de Lisboa, o líder do PSD terá, contudo, de arranjar uma solução em breve, embora a data limite fixada pelo partido para fechar o dossiê das autárquicas seja apenas a 31 de março.
O último presidente da Câmara de Lisboa militante do PSD foi precisamente Pedro Santana Lopes (Carmona Rodrigues ainda governou o município entre 2004 e 2007 nas listas do partido como independente), sendo que em 2009 perdeu a autarquia para o agora primeiro-ministro socialista António Costa.
Para o CDS-PP, Lisboa é um ‘assunto arrumado' desde setembro, altura que a líder do partido, Assunção Cristas, anunciou que seria a candidata do partido à capital, numa ‘jogada de antecipação' que apanhou o PSD de surpresa, partido que em 2013 formou com os democratas-cristãos a coligação que apoiou Fernando Seara.
À frente do CDS-PP há menos de um ano, as autárquicas de 2017 serão um teste eleitoral a Assunção Cristas, que tentará pelo menos igualar o bom resultado do partido há três anos, quando surpreendentemente conquistou a presidência de cinco câmaras, somando a tradicional vitória em Ponte de Lima à conquista de uma autarquia nos Açores (Velas), outra na Madeira (Santana) e outras duas no distrito de Aveiro (Vale de Cambra e Albergaria-a-Velha).
Mas, inevitavelmente, será para a capital e para o resultado de Assunção Cristas que os ‘holofotes' estarão apontados no dia das eleições.
Para já, a presidente do CDS-PP conta apenas com o seu partido, mas está disponível para aceitar o apoio de outros, nomeadamente do PSD. Inicialmente, o líder dos sociais-democratas colocou essa hipótese de parte, mas nos últimos dias dentro do partido voltou-se a falar disso, a par da possibilidade de Passos Coelho seguir o exemplo de Assunção Cristas e dar a cara por Lisboa.
Em mais de 50 municípios onde PSD e CDS deverão concorrer coligados, tendo os dois partidos já assinado um acordo-quadro semelhante ao de 2013 e que abrangeu 89 concelhos.
Na semana passada, Passos Coelho não excluiu coligações com o CDS-PP para as Câmaras de Lisboa e do Porto, sem se pronunciar sobre um eventual apoio social-democrata a Assunção Cristas.
"Se por ventura não for possível virmos a ter uma coligação com o CDS em Lisboa e no Porto, isso não quer dizer que não sejamos, na mesma, parceiros naturais", disse o líder do PSD, sem se pronunciar em concreto sobre negociações entre os dois partidos para um eventual apoio a Cristas, que foi noticiado por alguns jornais.
À esquerda, depois dos sobressaltos que provocaram as declarações do Presidente da República em maio, quando Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que não dará um passo para provocar instabilidade no ciclo político que vai até às autárquicas, começam a ser conhecidas as primeiras candidaturas, com o PS a partir para a ‘corrida' com a vantagem de ter sido o mais votado em 2013.
Com candidatos já no ‘terreno', os socialistas definiram como princípio a regra da recandidatura dos presidentes de câmara aos seus cargos, sempre que tal seja legalmente permitido. Funchal, Faro, Coimbra, Vila Real e Vila Nova de Gaia foram alguma das câmaras que os socialistas conquistaram ao PSD em 2013.
No Porto, o PS optou por uma nova estratégia, apoiando o independente Rui Moreira, que há três anos ‘roubou' a autarquia ao PSD. Ao apoio da concelhia do PS/Porto, aprovado por unanimidade e aclamação, Rui Moreira junta ainda o do CDS-PP, que já em 2013 não apresentou candidato e optou por se colocar ao lado do ex-presidente da Associação Comercial do Porto.
Ao PCP, que tal como o PS e o CDS-PP, foi um dos vencedores da noite eleitoral de há três anos, cabe a tarefa de defender as 34 câmaras comunistas do país, mais seis do que em 2009, entre as quais se contaram as importantes reconquistas de Beja, Évora e Loures.
O BE, partido sem tradição autárquica e que em 2013 perdeu a única câmara que até agora liderou, Salvaterra de Magos, definiu como objetivo reforçar a representação a nível nacional.
Aos candidatos que concorrem pelos partidos, há ainda que somar as candidaturas dos independentes, que em 2013 conseguiram ‘baralhar as contas' em alguns municípios, vencendo em 13 câmaras, como Porto, Oeiras ou Matosinhos.
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