Depois das dúvidas quanto à vacina da AstraZeneca, as mesmas inquietações surgiram a respeito do produto do grupo Johnson & Johnson: haverá relação entre o fármaco Janssen e os coágulos sanguíneos verificados em alguns casos?
Em causa está uma investigação da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), iniciada a 9 de abril, a oitos casos raros de coágulos sanguíneos associados a baixos níveis de plaquetas sanguíneas após toma da vacina nos Estados Unidos. Destes, um foi mortal, num universo de sete milhões de pessoas vacinadas. Devido a todas as desconfianças, as autoridades de saúde dos EUA recomendaram, a 13 de abril, uma pausa na administração desta vacina, o que levou a empresa a atrasar o envio do fármaco de dose única para a Europa.
Ainda assim, na passada quarta-feira, Portugal recebeu as primeiras 31.200 doses da vacina Janssen contra a covid-19, que estão armazenadas — e a aguardar decisão do regulador europeu, que começou a vir à tona ao início desta tarde.
Hoje, a EMA veio dizer que concluiu que a vacina Janssen tem uma "possível ligação" a casos muito raros de coágulos de sangue invulgares com plaquetas sanguíneas baixas. Assim sendo, a vacina vai ter uma informação extra nas suas características, devendo esta situação dos coágulos ser listada como efeito secundário "muito raro".
Todavia, como a covid-19 "está associada a um risco de hospitalização e morte", a EMA insiste que "os benefícios globais da vacina Janssen na prevenção da doença superam os riscos". Ou seja: surgiu um entendimento semelhante ao que o regulador europeu teve anteriormente sobre a vacina da AstraZeneca, nomeadamente em questão à idade em que estes casos são mais frequentes (pessoas com menos de 60 anos, a maioria mulheres).
No que diz respeito à UE, Emer Cooke, diretora executiva da Agência Europeia de Medicamentos, vincou que ainda não foram registados casos, o que pode ser reflexo da pouca utilização desta vacina, já que "muitos países estão à espera do resultado desta investigação para garantir que [existe] a informação certa sobre o produto para permitir que seja utilizado em segurança".
Considerando esta comunicação por parte da EMA — que chega também com a garantia de que a investigação vai continuar —, a Comissão Europeia veio incentivar os países da UE a utilizar a vacina da Janssen, lembrando que "a vacinação salva vidas".
Para que o processo possa continuar, a Johnson & Johnson já garantiu que vai retomar o envio de vacinas para a União Europeia, Noruega e Islândia — com a devida atualização da bula do fármaco.
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