
Valeria, 23, tinha 95 mil seguidores no TikTok e a sua morte soma-se a uma extensa lista de mulheres assassinadas no México, que cresce a uma velocidade de dez casos por dia, segundo a ONU. O crime aconteceu na última terça-feira, no contexto de uma série de homicídios e ameaças de narcotraficantes a celebridades das redes sociais.
Autoridades do estado de Jalisco, no entanto, investigam o caso como feminicídio e asseguram que não há provas de envolvimento de Valeria com o crime organizado.
O vídeo da transmissão ao vivo mostra os últimos momentos da jovem, num salão de beleza de sua propriedade localizado numa área nobre do município de Zapopan, onde assassinatos acontecem com frequência.
"Você é a Valeria?", pergunta um homem, que não aparece no vídeo. Ela responde que sim e é baleada de seguida.
A influenciadora segurava um porco de peluche que acabara de ganhar. Era o mesmo presente que lhe tinham tentado entregar mais cedo, o que a terá preocupado, por não saber quem havia enviado o brinquedo, segundo revelou na transmissão.
A jovem publicava conteúdos de beleza, e não havia recebido ameaças, segundo as autoridades.
Feminicídio
"Foi um feminicídio, e deve ser investigado como tal", disse à AFP o consultor de segurança David Saucedo, que citou versões da imprensa segundo as quais alguns contatos de Valeria nas redes sociais tinham ligação com o cartel Jalisco Nova Geração (CJNG).
A violência de genero é um problema latente no México: 70% das mulheres com mais de 15 anos já sofreram algum tipo de agressão, segundo a ONU Mulheres. Se somados aos feminicídios e homicídios dolosos, acontecem, em média, 10 assassinatos de meninas e mulheres por dia, de acordo com a ONU.
O México tem alguns dos influenciadores mais populares da América Latina, como Kimberly Loaiza e Luisito Comunica, que acumulam dezenas de milhões de assinantes e seguidores no YouTube e no Instagram, onde partilham conteúdos de música e viagens. Mas também surgiram no universo digital personagens polémicos, que foram assassinados, sob suspeitas de ligação com criminosos.
Vários meios de informação revelaram em janeiro que um pequeno avião havia lançado panfletos em Culiacán com ameaças a cerca de 20 artistas e YouTubers por suposto envolvimento com a fação Los Chapitos, uma das que disputam o controle do cartel de Sinaloa, fundado por Joaquín "El Chapo" Guzmán.
"Os influenciadores tornaram-se uma nova engrenagem na estrutura do crime organizado", comentou Saucedo, que identificou três tipos de personagens ligados a esses grupos: informadores de acontecimentos políticos e criminosos; "parceiros" ligados à lavagem de dinheiro; e pessoas que se relacionam com criminosos.
Na quinta-feira, José Carlos González, conhecido nas redes como 'Fénix', foi assassinado no WC em Acapulco. Administrava uma página de notícias, sátiras e denúncias no Facebook, que tinha 142.000 seguidores.
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