Paula Rego sublinha legado de Agustina, "uma extraordinária mulher"
A pintora portuguesa Paula Rego lamentou hoje a morte da escritora Agustina Bessa-Luís, com quem colaborou há quase vinte anos, sublinhando que foi surpreendida pelo falecimento da autora.
"Foi uma extraordinária mulher, escritora, que deixou um enorme legado a todos nós", afirmou Paul Rego, em nota enviada à agência Lusa pela Casa das Histórias.
Paula Rego colaborou com Agustina Bessa-Luís no livro "As Meninas", editado originalmente em 2001, que reúne textos da escritora sobre pinturas da artista plástica.
"Quando pego na pena para escrever sobre Paula Rego, faço-o como se reatasse um antigo encontro. Desde a infância. Lentamente, desdobro as pregas dessa vida de menina e em muitos detalhes eu estou lá", admitia Agustina Bessa-Luís no livro, que resultou de um convite feito por Manuel S. Fonseca, então editor da Três Sinais.
A obra seria mais tarde reeditada pela Guerra & Paz, do mesmo editor.
Durão Barroso: Agustina foi "uma das pessoas mais inteligentes que conheci"
O antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso considerou Agustina Bessa-Luís, que morreu hoje, no Porto, aos 96 anos, "um dos nomes mais importantes" da literatura portuguesa e "uma das pessoas mais inteligentes" que conheceu.
Agustina Bessa-Luís "é um dos nomes mais importantes de sempre na literatura portuguesa e certamente uma das pessoas mais inteligentes que conheci”, escreveu o antigo primeiro-ministro português e ex-secretário-geral do PSD, numa mensagem publicada na sua conta oficial na rede Twitter.
Nuno Júdice diz que desaparece uma "constelação"
O poeta e escritor Nuno Júdice disse hoje que, com a morte de Agustina Bessa-Luís, desaparece uma constelação com os maiores nomes da literatura portuguesa do século XX, realçando que a escritora encontrava inspiração no mundo.
“Agustina era um dos maiores nomes da literatura do século XX, que ainda estava vivo, embora já há uns anos não estivesse em condições de escrever e, por isso, com ela, de facto, desaparece essa constelação onde estavam todos os nomes, como Vergílio Ferreira, [José] Cardoso Pires e [José] Saramago”, referiu Nuno Júdice à agência Lusa.
Para o escritor, Agustina Bessa-Luís demonstrou sempre disponibilidade para com o outro, e caracterizava-se por ser uma pessoa fascinante, que encontrava nas pequenas coisas do mundo inspiração para os seus romances.
“Era, de facto, uma escritora que encontrava no mundo e na literatura -- nas suas leituras -- inspiração para os seus romances”, salientou Nuno Júdice, recordando que se tratava de “uma pessoa extremamente afável e com uma conversa fascinante”.
Nuno Júdice enalteceu ainda a forma como Agustina Bessa-Luís olhava para o mundo, com uma visão “crítica e irónica”, mas também “clara e muito lúcida daquilo que era a literatura”.
De acordo com o poeta, que também é ensaísta, a escritora era uma pessoa que estava por dentro da vida.
“Era uma pessoa que estava por dentro da vida. Não era uma pessoa que estava alheia das coisas simples, como comer, como vestir, ver as lojas”, anotou, realçando que Agustina Bessa-Luís “evoluía e transformava-se, nunca ficava presa a um estilo, ao sucesso da sua obra”.
O ensaísta e diretor da revista da Fundação Calouste Gulbenkian Colóquio/Letras deixou também em claro que a escritora exprimia as suas emoções, ideias e discursos de forma articulada, adaptando-se aos meios em que se encontrava.
“Neste momento, em que ela desaparece, importa reler e descobrir muitos dos livros que, por vezes, são menos conhecidos, mas em cada um deles nós temos um fragmento desse grande retábulo sobre o que é a vida e a sociedade do século XX que ela construiu”, concluiu, sublinhado que “a sua obra é uma constante transformação e renovação à procura de um caminho diferente”.
Pedro Tamen recorda "uma grande escritora"
O poeta e escritor Pedro Tamen considerou hoje que Agustina Bessa-Luís “foi uma grande escritora”, sendo “uma figura incontornável da literatura portuguesa”.
“Agustina Bessa-Luís foi - e é - uma figura incontornável da literatura portuguesa e, sobretudo, num panorama da literatura portuguesa que não é particularmente rico no que diz respeito à ficção”, observou o escritor, em declarações à agência Lusa.
De acordo com o poeta, a escritora era uma pessoa admirada por todos.
“Foi uma grande escritora, além de que era uma pessoa e uma mulher que instintivamente todos admiravam”, realçou.
Grupo Babel lamenta perda “desse grande nome das letras e da cultura nacionais”
O Grupo Babel, que assumiu a antiga Guimarães Editores, responsável pela publicação das obras de Agustina Bessa-Luís por mais de seis décadas, declarou hoje ter recebido “com imensa tristeza” a notícia da morte da escritora, aos 96 anos.
Numa resposta enviada à agência Lusa por Maria José Pereira, editora do grupo, foi com “imensa tristeza e pesar” que foi acolhida a notícia, com a perda “desse grande nome das letras e da cultura nacionais”.
A obra de Agustina é “uma obra de qualidade onde podemos reconhecer muita da vivência das nossas gentes, sobretudo das gentes da região do Douro”, e a escrita da autora transpôs Portugal “além fronteiras” ao ser publicada e reconhecida em várias línguas.
“Estamos-lhe reconhecidos enquanto editores. Estamos-lhe reconhecidos enquanto portugueses”, acrescenta Maria José Pereira, que afirma não ter integrado, “infelizmente”, o “núcleo restrito” de editores que trabalham com a autora.
Em 2017, Bessa-Luís deixou a sua editora de sempre, a Guimarães Editores, fundada em 1899, e que, atualmente, faz parte do grupo editorial Babel, e passou a ser publicada pela Relógio D’Água, que desde então tem publicado as suas obras, tendo anunciado também a revelação de alguns inéditos.
Lídia Jorge diz que Agustina deixa "uma das obras mais importantes do século XX"
Agustina Bessa-Luís deixa, para a também escritora Lídia Jorge, “do ponto de vista da ficção, uma das obras mais importantes do século XX”. Lídia Jorge classifica a obra de Bessa-Luís como “absolutamente extraordinária, multifacetada e que toca praticamente todos os géneros”, salientando que “onde ela brilha com fulgor único é na ficção”.
Para Lídia Jorge, a literatura de Agustina Bessa-Luís “é o prolongamento daquilo que ela era como mulher, como figura pública, como amiga, como pessoa”.
“Era uma mulher de ação, ela tinha uma ação dentro dela, ela queria transformar as coisas e queria dar notícia dessa transformação, e toda a escrita dela é nesse sentido, no sentido de reclamar uma espécie de progresso que ela não define quais são os limites, mas é uma espécie de marcha, ela entende a marcha da humanidade”, afirmou.
Lídia Jorge defendeu ainda que “essa síntese que Agustina Bessa-Luís foi capaz de fazer, e a interpretação que faz, do mundo atual, do pós-modernismo, está patente de uma maneira absolutamente extraordinária no último livro que escreveu, ‘A Ronda da Noite’”.
“[O livro] mostra que ela foi uma mulher, além de uma grande ficcionista que explorou os lados poéticos da língua, que soube interpretar as patologias do nosso tempo, e exaltar também as virtudes do nosso tempo”, afirmou.
Mário de Carvalho lembra a escritora extraordinária a quem só falta superar a imortalidade
O escritor Mário de Carvalho classificou Agustina Bessa-Luís como uma “escritora extraordinária” e “uma das grandes” do século XX, a quem já só falta superar um desafio, o da imortalidade.
O escritor destacou que a autora de “A Sibila” “ganhou o reconhecimento praticamente unânime de todos os seus confrades, porque, no meio literário, havia um consenso generalizado sobre a grande qualidade literária de Agustina Bessa-Luís.
Na opinião do criador de "Era Bom que Trocássemos Umas Ideias Sobre o Assunto", a escritora, autora de uma extensa bibliografia, que inclui, além de romance, teatro, contos infantis, ensaios e biografias, conseguiu em vida ultrapassar os desafios que se colocam a um escritor, faltando-lhe agora um último.
“Até agora, tinha conseguido superar o desafio da qualidade, o desafio do reconhecimento, pelos seus semelhantes e pelos leitores. A partir de agora, o desafio é outro: o desafio da imortalidade, e não estaremos cá para saber se ela o ganhará ou não”, afirmou.
No entanto, vai avançando: “Do que conheço, impressiona a torrencial imaginação da Agustina, o grande domínio e elasticidade do tratamento da língua portuguesa e, do ponto de vista pessoal, uma maneira de ser também muito própria, que causava muitas vezes a admiração dos seus confrades”.
História da Literatura portuguesa não se faz sem Agustina, diz Maria Teresa Horta
A escritora Maria Teresa Horta considera que "não é possível fazer a história da literatura portuguesa, neste momento, sem passar pela obra da Agustina Bessa-Luís".
"Considero que a Agustina é dos melhores escritores - não é escritora só - da literatura contemporânea portuguesa, mas também morre uma escritora e alguém que eu conheci", afirmou uma das autoras de "Novas Cartas Portuguesas" à agência Lusa.
Para Maria Teresa Horta, 82 anos, esta é "uma perda muito grande" para a literatura portuguesa e recordou que a geração de Agustina Bessa-Luís "foi muito generosa" para a dela. "Recebeu-nos de braços abertos".
Mário Cláudio recorda Agustina “como mestra e grande amiga”
O escritor Mário Cláudio disse à agência Lusa que Agustina Bessa-Luís é “uma grande figura do século XX”, e que vai recordar a “mestra e amiga” como um “leitor apaixonado”.
“Vou recordá-la primeiro como um leitor apaixonado da obra, e depois como mestra, alguém que me ensinou muito sobre o que é a escrita e a vida literária. (...) Depois, vou recordá-la como uma amiga, com quem partilhei muitos dias da minha vida, com um diálogo muito ameno e enriquecedor para a minha parte, e que se tornou absolutamente inesquecível”, afirmou, numa conversa por telefone com a Lusa.
Para o escritor portuense, a autora de “A Sibila” (1954) “vai ficar como uma grande figura do século XX, talvez a maior figura na área da ficção”, pedindo ainda assim que seja feito “um trabalho de tratamento e divulgação da sua obra”.
“Estamos habituados a ver os autores serem pouco favorecidos pelas instâncias que podem divulgá-los, até internacionalmente. (...) A Agustina foi penalizada nessa dimensão, foi muito pouco traduzida, e isso aconteceu também porque não houve um esforço por parte das entidades que o podem fazer”, referiu.
Luísa Costa Gomes considera que a escritora “soube desde sempre que era grande e que ia fazer falta”
A escritora Luísa Costa Gomes disse hoje que Agustina Bessa-Luís “soube desde sempre que era grande e que ia fazer falta”, realçando que os livros da autora de "A Sibila" “estavam cada vez melhores e ela cada vez maior”.
“É injusto que Agustina não tenha escrito mais, não tenha escrito para sempre, que se tenha visto interrompida no seu dom”, referiu a romancista e dramaturga portuguesa à agência Lusa, reagindo à morte de Agustina Bessa-Luís.
Luísa Costa Gomes lamentou a impossibilidade do regresso de Agustina à escrita, a injustiça de um percurso interrompido.
“Foi há anos já, mas não interessa. Eu queria que ela tivesse escrito mais, que tivesse voltado a escrever, talvez fosse impossível, pelo menos, pouco provável”, salientou à Lusa a autora de "Educação para a Tristeza".
Pilar del Río recorda palavras de José Saramago sobre Agustina Bessa-Luís
Pilar del Río, que preside a Fundação José Saramago, fala num sentimento de “orfandade” com a morte de Agustina Bessa-Luís recordando palavras do Prémio Nobel da Literatura sobre a autora de “A Sibila”.
Em declarações à Lusa, Pila del Río destacou que a “grande escritora” Agustina Bessa-Luís “dinamizou a Cultura de Portugal com a sua obra, com a sua personalidade, com as suas declarações, que tinha uma voz própria e uma obra esplêndida”.
“Remeto-me ao que disse José Saramago sobre o que ela escreveu: que se há em Portugal um escritor que participe da natureza do génio, é Agustina Bessa-Luís”, afirmou.
Da obra da escritora, da qual leu vários livros, Pilar del Río partilhou que a primeira que a marcou, “que foi como um golpe”, foi “A Sibila”, de 1954, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.
A responsável máxima da Fundação José Saramago lembrou que, embora fosse público o estado de saúde de Agustina Bessa-Luís, “não é o mesmo saber que está ou que não está”.
“Agustina estava na situação em que estava, mas estava, e a partir de hoje sabemos que não está, e isso é outra coisa, e é duro, é uma orfandade que se sente, que eu sinto”, partilhou.
Rui Zink considera Agustina Bessa-Luís "tesouro nacional"
O escritor e professor universitário Rui Zink considerou hoje que Agustina Bessa-Luís é “um tesouro nacional”, recordando que a escritora deixa “a obra e o cheirinho do seu humor e da sua ironia”.
“Quando uma pessoa é tratada pelo primeiro nome como é o caso dela, - há muitos, muitos, anos -, significa que ela é um tesouro nacional”, disse Rui Zink, em declarações à agência Lusa, explicando que a escritora “era chata, porque [nos] via por dentro e isso, às vezes, é um bocadinho incómodo”.
De acordo com professor universitário, Agustina Bessa-Luís era uma pessoa que não precisava de acessórios para conseguir ver o detalhe.
“Ela era o tipo de pessoa que não precisava de microscópio para ver mais longe, mais dentro”, referiu Rui Zink, admitindo que “é mais interessante” conseguir ver mesmo a “nível do nano”, e que “mais fácil as pessoas verem mais longe para fora”.
Para Rui Zink, Agustina Bessa-Luís deixa “um labirinto enorme de páginas e páginas para nós irmos desbravando”, lembrando que, quando era estudante e dava aulas, teve de reler "A Sibila" para ajudar a passar os alunos, sendo a escritora uma presença desde sempre para o professor universitário.
António Preto recorda “despique criativo” entre Agustina e Manoel de Oliveira
O investigador de cinema António Preto, especialista na obra de Manoel de Oliveira (1908-2015), lembrou hoje à Lusa o “despique criativo” entre Agustina Bessa-Luís e o cineasta portuense.
“É uma perda irreparável para a literatura portuguesa do século XX. A Agustina era uma das suas vozes mais originais, o seu desaparecimento representa isso”, considerou o ensaísta.
Sobre uma relação que abrangeu “cerca de oito filmes”, iniciada em 1981, com “Francisca”, Preto lembra uma relação por vezes “bastante atribulada, pelas personalidades muito fortes” de ambos, Oliveira e Bessa-Luís, que se pareceu “a um despique criativo”, tendo originado uma junção que deu azo a trabalhos “desafiantes e originais”, na literatura e no cinema.
Obras como “Vale Abraão” ou “O Convento” nasceram de transposições de Oliveira de romances de Agustina, tendo os dois “‘enfants terribles’”, como os descreve António Preto, gerado trabalhos que “desafiaram os limites” das convenções das artes em que se inseriam.
“Assumiu sempre uma postura desafiadora e contra-corrente. (...) Foi senhora de uma grande liberdade, também na maneira como se pensava a si própria no meio das letras, até há não muito tempo predominantemente masculino, como pensou nos seus romances o lugar da mulher, muitas vezes à revelia das perspetivas feministas mais ou menos consensuais” daquele tempo, reforça o docente universitário.
Esta “figura inspiradora”, que assumiu “sempre uma postura iconoclasta e desafiadora de todas as convenções e modelos”, acabou por criar “obras absolutamente magníficas”, à semelhança de Oliveira, disse António Preto à Lusa.
Germano Almeida lamenta perda da "doce" Agustina
O escritor cabo-verdiano Germano Almeida lamentou hoje a morte de Agustina Bessa-Luís, “uma senhora muito doce e amável”, que teve “o gosto” de conhecer, considerando “unânime e justo” o seu reconhecimento como grande escritora.
Em declarações à agência Lusa, Germano Almeida classificou este desaparecimento como “uma perda importante para Portugal”.
“Agustina era muito reconhecida, pelo menos no universo português”, afirmou, sublinhando que em Cabo Verde talvez não seja tão conhecida, porque “os livros chegam assim com alguma parcimónia”.
O primeiro livro de Agustina Bessa-Luís que o Prémio Camões de 2018 leu foi “A Sibila”, o qual considera “muito interessante”, a par de outros que, entretanto, foi conhecendo.
Biógrafa de Agustina sublinha "obra extraordinária que não morre hoje"
"Enquanto leitora, enquanto biógrafa e pessoa que ainda teve o privilégio de poder conhecer pessoalmente sinto-me profundamente grata por uma obra extraordinária que não morre hoje", disse Isabel Rio-Novo à agência Lusa.
A escritora, que publicou em janeiro a biografia "O Poço e a Estrada", sobre Agustina Bessa-Luís, recorda "uma obra inqualificável, extremamente prolífica, de uma forma de escrita e de uma forma de compreensão e de indagação da natureza humana absolutamente única no contexto da literatura portuguesa e mundial".
Isabel Rio-Novo disse ter conhecido pessoalmente Agustina Bessa-Luís no contexto de projetos de investigação, e recordou "toda a sua inteligência, o seu humor, a sua graça, cuja gargalhada cristalina era verdadeiramente contagiante".
Marcelo Rebelo de Sousa “curva-se perante o génio” que foi Agustina Bessa-Luís
Marcelo Rebelo de Sousa refere-se a Agustina Bessa-Luísa “como criadora, como cidadã, como retrato da força telúrica de um povo e da profunda ligação entre as nossas raízes e os tempos presentes e vindouros”.
A escritora, para o Presidente da República, “testemunhou, com o rigor inexcedível da sua escrita, nunca corrigida, o fim de um Portugal e o nascimento de outro. Um e outro feitos do Portugal eterno”.
“E é a esse Portugal eterno que ela pertence”, continua.
A nota termina com a expressão das “mais sentidas condolências” aos familiares.
António Costa considera Agustina Bessa-Luís uma das mais notáveis escritoras contemporâneas
Numa nota de pesar publicada na rede social "Twitter", António Costa apresenta as suas sentidas condolências à família e amigos de Agustina Bessa-Luis, que faleceu hoje, no Porto, aos 96 anos.
"Portugal perdeu uma das suas mais notáveis escritoras contemporâneas. Como toda a grande literatura, a obra de Agustina Bessa-Luís é uma imensa tela sobre a condição humana, sobre o que temos de mais misterioso e profundo. Sentidas condolências à família e amigos", escreveu o primeiro-ministro.
Ferro Rodrigues recorda Agustina enquanto um dos "nomes mais geniais" da literatura portuguesa
O presidente da Assembleia da República afirmou hoje que recebeu com "grande consternação" a notícia da morte de Agustina Bessa-Luís, considerando que foi uma "prosadora excecional" e "um dos nomes mais geniais" da literatura portuguesa.
"É com grande consternação que acabo de tomar conhecimento do falecimento de Agustina Bessa-Luís. Agustina Bessa-Luís, que nos deixa aos 96 anos, depois de uma longa ausência de mais de dez anos por motivos de saúde, foi um dos nomes mais geniais da literatura portuguesa", escreve Ferro Rodrigues, na sua mensagem de pesar, à qual a agência Lusa teve acesso.
Na mensagem, o presidente da Assembleia da República refere que a obra da escritora "compreende a ficção, o teatro, os ensaios e até a literatura infantil, ‘sempre em torno de um universo romanesco de riqueza incomparável’ - como bem identificou o júri que, em 2004, lhe atribuiu o Prémio Camões".
"Agustina foi uma prosadora excecional, dotada que era de uma inteligência rara, como rara era a sua escrita. O mundo pelos olhos e pela pena de Agustina era um mundo diferente. E um pouco desse mundo também nos deixa hoje", observa Ferro Rodrigues.
Neste contexto, o presidente da Assembleia da República deixa depois um apelo: "No momento em que somos confrontados com o seu desaparecimento, evoquemos a sua memória e o seu legado, que tanto honra e enobrece a cultura e a língua portuguesas".
"Em meu nome e em nome da Assembleia da República, endereço à sua família e amigos a manifestação do mais sentido pesar", acrescenta o antigo ministro e ex-líder do PS na sua mensagem.
Agustina ocupa "lugar sem par na narrativa portuguesa contemporânea", salienta Ministra da Cultura
Em nota de imprensa, Graça Fonseca afirma que a autora de "Sibila" é uma das "grandes romancistas e mestre de um dos mais originais processos criativos da ficção portuguesa".
"Autora de uma obra tantas vezes virada para o passado mas sempre contemporânea, sempre presente", Agustina Bessa-Luís inaugurou "um novo espaço ficcional, à imagem de outras grandes mulheres e que, em conjunto com ela, revolucionaram radicalmente a prosa em português, como Maria Velho da Costa ou Maria Gabriel Llansol", afirmou a ministra da Cultura.
"Com uma dedicação inabalável e intransigente à criação literária, o legado de Agustina é vasto, composto por personagens, visões da história, lugares e, acima de tudo, um percurso pessoal e autoral únicos e exemplares", sublinhou Graça Fonseca.
Cavaco Silva recorda "a escritora imensa" que era Agustina Bessa-Luís
O antigo Presidente da República Cavaco Silva lembrou hoje Agustina Bessa-Luís como uma “escritora imensa” que marcou toda a literatura portuguesa do século XX, sublinhando a enorme admiração que sempre teve por “essa mulher desassombrada”.
“A morte de Agustina Bessa-Luís enche-nos, à minha mulher e a mim, de uma profunda tristeza. Agustina é uma presença constante ao longo das nossas vidas”, lê-se numa mensagem de Aníbal Cavaco Silva enviada à agência Lusa.
Na nota, o antigo chefe de Estado lembra que teve o privilégio de conhecer a escritora e de ter “o seu apoio empenhado” quando se candidatou a primeiro-ministro e à Presidência da República, e salienta a “enorme admiração” que sempre teve “por essa mulher desassombrada, que sempre dizia e fazia o que queria e que compreendia muito bem Portugal”.
“É uma escritora imensa, que marca toda a nossa literatura do século XX. Sem Agustina a literatura portuguesa contemporânea seria, sem dúvida, muito mais pobre. Guardo um enorme sentimento de gratidão, pela amizade, pela confiança, mas, sobretudo, pelos seus livros”, refere ainda Cavaco Silva.
Contudo, acrescenta, “não fica um vazio, porque as obras magníficas de Agustina são um legado presente e vivo na literatura portuguesa”.
Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian diz que obra de Agustina é "expressão riquíssima" para compreender o humano
A escritora Agustina Bessa-Luís, que morreu hoje, aos 96 anos, "é uma das grandes referências da cultura portuguesa contemporânea", afirmou a presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota.
"A língua portuguesa tem na sua obra uma expressão riquíssima para a compreensão do género humano e para uma inteligente e paradoxal abordagem da vida e da sociedade", afirmou Isabel Mota, em comunicado.
Associação Portuguesa de Escritores lembra uma das figuras nucleares da literatura portuguesa
O presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE), considera Agustina Bessa-Luís “uma das figuras nucleares da literatura portuguesa do século XX”, que deve ser recordada muito além dos seus romances e das suas obras mais conhecidas.
“A Agustina foi uma das figuras nucleares da literatura portuguesa no século XX, particularmente após a publicação do romance ‘A Sibilia’, que marca uma linha muito pessoal, muito à revelia das correntes estéticas dominantes em Portugal e fora do nosso país”, afirmou José Manuel Mendes.
A sua escrita era “ao mesmo tempo embebida na história e nas tradições e na realidade portuguesa, e num percurso de descoberta das personagens que poderiam, de um ponto de vista psicológico, representar o grande drama humano em toda a sua dimensão”, acrescentou, sublinhando a forma como, de livro em livro, a autora proporcionou “páginas admiráveis”, cujo “grau de elaboração” advinha muito da sua “vastíssima cultura” e das suas leituras, “visando criar-lhe uma base muito pessoal de construção da escrita”.
Na opinião do presidente da APE, Agustina deve ser recordada como romancista – “sobretudo nos seus romances mais referenciados”, embora confesse não estar “muito à vontade” para excluir alguns do que têm sido menos indicados, como por exemplo “Ternos Guerreiros” -, mas sem esquecer “a cronista, a ensaísta, a autora de textos dispersos, não raro fulgurantes, designadamente em crónicas de rádio, em intervenções com pequenas peças radiofónicas, e também nas diferentes circunstâncias para as quais o mundo literário a convocou”.
“Uma figura maior que fisicamente desaparece mas que nos deixa numa perspetiva de valoração do nosso património que é simultaneamente presente e devir. Uma obra singularíssima e irrenunciável”, considerou.
Editor da Guerra e Paz diz que Agustina deixa uma obra que "é mais do que literatura"
O editor da Guerra e Paz lamentou hoje a morte de Agustina Bessa-Luís, “a maior escritora portuguesa do século XX”, e considerou que a sua obra “é mais do que literatura, é milagre infantil e criação do mundo”.
Recordando a menina e a mulher que sempre coexistiram em Agustina, Manuel S. Fonseca afirma orgulhar-se de ter sido desta escritora o primeiro livro editado pela Guerra e Paz, aquele que marcou o arranque da editora.
“Neste momento de profundo pesar, a Guerra e Paz recorda a tarde do dia 10 de Abril de 2006, data de lançamento da editora, de que a escritora foi a primeira autora”, afirma em comunicado o editor, recordando que Agustina não pôde comparecer à sessão de lançamento do livro “Fama e Segredo na História de Portugal”, devido a um problema de saúde, de que não voltou a recuperar.
Das lembranças que tem daquela que considera ser uma “incontornável figura da cultura nacional”, Manuel S. Fonseca recorda os esforços insistentes que fez para a conhecer.
“Conheci Agustina quando, com aquele descaramento tintado pela confiança que perpassa por certos heróis masculinos dos romances dela, arranjei maneira, primeiro de lhe telefonar, depois de a visitar na casa da [rua de] Buenos Aires, em Lisboa, e por fim de lhe invadir a casa do Gólgota, no Porto”, conta, afirmando nunca ter feito isso com mais ninguém, à exceção de Mécia de Sena (viúva do escritor Jorge de Sena).
Manuel S. Fonseca confessa que, apesar de muito ter gostado de conhecer Agustina, se sente roído pelo “desmedido e irrealizado desejo de não a ter conhecido menina”.
“Vejam bem, a Agustina que eu conheci sempre teve o riso de menina, o gesto inocente de menina, como se a menina usurpasse nela a plenitude da mulher”, diz, acrescentando que “muito mais” gostaria de a ter conhecido “menina e na praia”, aludindo a um retrato que dela existe num dos livros publicados pela Guerra e Paz, em que Agustina “está de vestidinho de étamine cor de morango às pintinhas, as mãos postas no regaço”.
Manuel S. Fonseca arrisca até dizer que nos esparsos encontros que teve com a escritora - nas apresentações de livros e numa festa com o cineasta Manoel de Oliveira – “a menina e a mulher se acotovelavam dentro de Agustina, entregando-se a essas conversas e reservados exercícios femininos que, por tão bem os conhecer, Agustina com facilidade atribuiu a Paula Rego no maravilhoso ‘As Meninas’”.
Para o editor, aquele foi “o mais belo livro” que lhe foi dado publicar, “de texto tão irreverente, tão fino, tão caprichoso”.
Sucessivamente, Agustina "escreveu para mim, depois de ‘As Meninas’, também a sua autobiografia até ao 25 de Abril, a que chamou ‘O Livro de Agustina’, dando-lhe por subtítulo ‘A Lei do Grupo’, o belíssimo texto com o provocantíssimo título ‘Um Tijolo Quente na Cama’, para prefaciar o ‘Cântico dos Cânticos’”.
Em “Fama e Segredo da História de Portugal”, Agustina “resgatou a História de Portugal e os nosso heróis à chatice e ao convencionalismo, cantando-lhes a fatalidade com imaginação e um humor que desce às cavernas de Ali Babá da irrisão”, descreve o editor.
“Morreu Agustina e ficou, com os seus vestidinhos leves, cabelos alourados, a menina que guardaremos para sempre: e a menina é um rio de palavras, sobressaltado rio de incertezas profundas. É mais do que literatura, é milagre infantil e criação do mundo”, afirma Manuel S. Fonseca.
Contraponto diz que morte de Agustina é "irreparável perda" da literatura portuguesa
A morte de Agustina Bessa-Luís representa uma "irreparável perda" para a literatura, afirmou hoje a Contraponto Editores.
Para a editora, que em janeiro publicou a biografia "O Poço e a Estrada", de Isabel Rio-Novo, Agustina Bessa-Luís "continuará a ser uma das maiores representantes da literatura e da língua portuguesas".
Segundo o editor Rui Couceiro, está em preparação uma segunda edição daquela biografia.
Tradutora britânica confiante em que Agustina continuará a ser lida por gerações futuras
A tradutora britânica Margaret Jull-Costa, autora de algumas das raras traduções para língua inglesa de Agustina Bessa-Luís, está convicta de que a escritora portuguesa continuará a ser lida pelas novas gerações.
"Fiquei muito triste ao saber que Agustina morreu aos 96 anos. Foi um verdadeiro privilégio cotraduzir recentemente, com o meu colega Victor Meadowcroft, alguns dos seus contos, talvez menos conhecidos do que os seus romances, mas que são escritos maravilhosamente de forma surreal e vívida", disse à agência Lusa.
A obra, "intitulada 'Take Six: Six Portuguese Women Writers'", editada pela Dedalus Books no ano passado, inclui textos de seis escritoras portuguesas: Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís, Maria Judite de Carvalho, Hélia Correia, Teolinda Gersão e Lídia Jorge.
De Agustina, incluiu cinco textos da coletânea "Contos Impopulares", publicada inicialmente em 1984: "On the Road to Emmaus" ("No caminho de Emaús"), "The Conch Shell" ("Búzio"), "Green Philosophy" ("Espaço para sonhar"), "The Procession" ("O Cortejo") e "Mushroom Weather" ("Míscaros").
"Tenho certeza de que seu trabalho continuará a ser lido por gerações futuras", afirmou hoje à lusa a tradutora, premiada por traduções de livros de Fernando Pessoa, Teolinda Gersão, José Saramago e Eça de Queirós.
UTAD fala em "figura de exceção" que se inspirou no Douro
A escritora Agustina Bessa-Luís era uma “figura de exceção” da cultura portuguesa que se inspirou e usou o Douro como palco de vários livros, afirmou o vice-reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Artur Cristóvão foi um dos coordenadores do “Ano de Agustina”, uma organização da UTAD, localizada em Vila Real, que homenageou a escritora portuguesa ao longo de 2018. “A morte de Agustina Bessa-Luís é uma grande perda para o país. Era uma pessoa com uma obra vastíssima e muito diversificada. Era uma figura de exceção no panorama da nossa cultura”, disse o vice-reitor à agência Lusa.
Alguns dos seus romances, como “O princípio da incerteza” ou “Vale Abraão” são passados no Douro. Esta última obra foi adaptada ao cinema por Manoel de Oliveira, que usou como cenário a quinta do Vale de Abraão, que entretanto se tornou num hotel de luxo. “As suas origens estão aqui muito ligadas a esta região, a que ela dedicou uma parte da sua escrita”, salientou o vice-reitor.
Artur Cristóvão elencou ainda o livro “Estações da vida”, recentemente reeditado, que é um registo que a autora faz das suas viagens nas linhas de caminho-de-ferro, nomeadamente na Linha do Douro.
Neste território há, segundo o vice-reitor, “muitos espaços que marcam a vivência” da escritora e foi, sublinhou, pela sua “obra excecional” e pela “ligação ao Douro”, que a UTAD resolveu homenagear Agustina Bessa-Luís, numa iniciativa que visou ainda consagrar a “sua vida e obra” e “estimular novos leitores”.
O “Ano da Agustina” terminou em 23 de novembro, com a atribuição do doutoramento 'Honoris Causa' à escritora, em Vila Real, tornando-se na primeira mulher a ser distinguida com este título honorífico pela UTAD. Ao longo de 2018 foram realizadas várias iniciativas, como exposições, palestras, ciclos de cinema, colóquios, assim como atividades nas escolas "para estimular os alunos a trabalhar, a ler e a interpretar Agustina Bessa-Luís".
“Não é uma escritora fácil e era importante que a fizéssemos chegar a mais estudantes da UTAD e também a jovens fora da UTAD”, salientou o vice-reitor.
A homenagem pela universidade partiu de um desafio lançado pelo presidente do Conselho Geral da academia, José da Silva Peneda.
Reitora de Évora diz que obra manterá Agustina “bem viva na memória coletiva”
A reitora da Universidade de Évora (UÉ) lamentou hoje a morte de Agustina Bessa-Luís, Prémio Vergílio Ferreira em 2004, considerando que a escritora deixa "uma extensa e significativa obra que a manterá bem viva na memória coletiva".
"Agustina Bessa-Luís será sempre uma escritora incontornável no panorama das letras português dos séculos XX e XXI. Foi, aliás, alvo do reconhecimento pela nossa academia, que lhe atribuiu o Prémio Vergílio Ferreira em 2004", afirmou a reitora da UÉ, Ana Costa Freitas.
Numa declaração à agência Lusa, a reitora da UÉ realçou que a "orgulha e honra muito" a academia alentejana "poder contar com o seu nome na galeria de autores distinguidos com o Prémio Vergílio Ferreira".
Instituído pela UÉ em 1996, para homenagear o escritor que lhe dá o nome, o Prémio Vergílio Ferreira distingue anualmente o conjunto da obra de um autor de língua portuguesa.
M.ª Helena Santana diz que a escritora era um “pesquisadora da alma humana” dotada de perspicácia extraordinária
Agustina Bessa-Luís era uma "pesquisadora da alma humana", dotada de uma perspicácia extraordinária para lidar com temas e personagens, afirmou hoje Maria Helena Santana, coordenadora do Grupo de Investigação "Património Literário" do Centro de Literatura Portuguesa.
"Não encontro outro escritor português no século XX com a mesma perspicácia da Agustina", disse à Lusa a professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, autora de diversos trabalhos académicos sobre a obra da escritora Agustina Bessa-Luís, que morreu hoje, aos 96 anos, no Porto.
Maria Helena Santana lamenta que Agustina não tivesse tido, nos últimos anos de vida, "o destaque que a sua obra merece" no panorama da literatura nacional. Uma situação que a professora atribui, em grande parte, à personalidade esquiva da autora de "A Sibila".
"Não era propriamente uma pessoa simpática, talvez por ter uma faceta um bocadinho politicamente incorreta", refere, adiantando que o valor da sua obra coloca todas essas questões em segundo plano: "Quem gostava de Agustina, gostava mesmo muito".
Um dos méritos da escritora, segundo Maria Helena Santana, era "a capacidade de encontrar no panorama do país e na vida pública portuguesa histórias e personagens que soube romancear de uma maneira notável".
A professora de Coimbra destaca ainda a enorme qualidade das crónicas que Agustina publicava regularmente na imprensa portuguesa e que refletiam a visão que tinha do país e das pessoas. "A sua visão vai fazer-nos falta", reconhece.
Esposende lamenta morte de Agustina, que perpetuou nome do concelho
A Câmara de Esposende lamentou hoje a morte da escritora Agustina Bessa-Luís, sublinhando que se trata de uma “figura grande” da literatura portuguesa, e que perpetuou em registos autobiográficos o nome do concelho, onde chegou a viver.
“Hoje perdemos uma figura grande da literatura portuguesa. Agustina Bessa-Luís pautou a sua vida pela elevação no trato da língua portuguesa e pela discrição na vida pública”, refere a Câmara, em comunicado.
Acrescenta que Esposende “ficou gravado em registos autobiográficos” da escritora, citando um trecho sobre o concelho do "Livro de Agustina", obra de caráter autobiográfico, publicada originalmente em 2002, nos 80 anos da escritora, com a chancela Três Sinais.
“Em Esposende conheci dias duma perfeita harmonia comigo mesma. As pessoas foram boas para mim, com essa bondade que não se interpreta, só se regista. Nada acontecia e tudo era importante (…). Nessa altura já me chamavam a eremita de Esposende. Estava a tornar-me típica e, além disso, a ficar bronzeada”, escreveu Agustina nesse livro, reeditado posteriormente, em 2007 e 2017, pela Guerra e Paz.
PS destaca “enorme perda” de um vulto da cultura portuguesa
"O PS associa-se ao pesar nacional que a notícia da morte de Agustina Bessa Luís não pode deixar de provocar, tratando-se de um dos maiores vultos da Cultura portuguesa. Com o seu desaparecimento, as letras portuguesas perdem um dos seus grandes expoentes, que figurará por direito próprio entre os grandes escritores portugueses de todos os tempos", lê-se numa nota de pesar publicada no 'site' deste partido.
Para o PS, Agustina Bessa-Luís foi uma "escritora extraordinária, romancista de exceção, atentíssima e mordaz observadora da sociedade", com "uma maneira muito portuguesa de estar no mundo".
"O seu legado, além de um verdadeiro manual de bem tratar a nossa língua, na linha de um Camilo, constitui um notável acervo de obras que é importante que sejam lidas por todas as gerações, atuais e futuras. Essa será mesmo a melhor homenagem que os portugueses podem fazer à vida e à obra de Agustina Bessa Luís", salienta-se ainda na nota do PS, em que esta força política apresenta "as suas mais sentidas condolências, em particular à sua família e amigos" da escritora, "neste momento de enorme perda para Portugal".
Assunção Cristas elogia “inteligência rebelde” de Agustina Bessa-Luís
A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, lembrou hoje a escritora Agustina Bessa-Luís, a “inteligência rebelde” e “poder feminino num mundo de homens”.
Numa mensagem divulgada aos jornalistas, Cristas afirmou que a “obra de Agustina Bessa-Luís é tão preciosa, inacabada e desconcertante como a vida”.
“A sua morte, hoje aos 96 anos, é altura para reconhecermos o milagre improvável de termos tido, em Portugal, quem nos escrevesse”, lê-se na mensagem de Assunção Cristas, que transmite as suas condolências à família.
Para a líder centrista, “Agustina ficará, como poucos dos grandes, um nome próprio, como coisa própria dela: a inteligência rebelde, o poder feminino num mundo de homens, a ironia nos diálogos, a insolência da vaidade, a descrição atenta e o fundamental das pequenas coisas”.
Os centristas relembram, “em reconhecimento, uma vida tão original, que nunca aceitou nem se submeteu aos cânones nem a destinos traçados, escreveu e interveio em causas públicas num permanente exercido de liberdade e independência”.
Rio presta tributo à memória e à obra de Agustina Bessa-Luís
O presidente do PSD, Rui Rio, prestou hoje tributo “à memória e à obra” de Agustina Bessa-Luís, considerando a escritora como “vulto maior da literatura portuguesa”
“A minha homenagem a Agustina Bessa-Luís, vulto maior da literatura portuguesa”, lê-se numa mensagem de Rui Rio divulgada na rede social Twitter.
Na mensagem, o presidente do PSD recorda ainda que teve “a oportunidade de lhe prestar um justo tributo em vida”, e fá-lo hoje “à sua memória e à obra” que deixa “para todo o sempre”.
Em 15 de outubro de 2004, por ocasião do cinquentenário da publicação de "A Sibila", Rui Rio, então presidente da Câmara Municipal do Porto, entregou a Agustina Bessa-Luís as chaves da cidade.
Governo decreta na terça-feira um dia de luto nacional pela morte de Agustina Bessa-Luís
Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas.
O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, duas de muitas distinções que recebeu ao longo da vida.
Em 1983 recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, pela obra "Os Meninos de Ouro", um galardão que voltou a receber em 2001, com "O Princípio da Incerteza I - Joia de Família".
A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.
Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e ao grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988.
Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”.
[Notícia atualizada às 21:52]
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