Lisboa, a cidade das sete colinas, é por estes dias a capital das tecnologias, empreendedorismo, inovação e de muitas histórias: a Web Summit volta ao Parque das Nações entre 1 e 4 de novembro, em modo presencial, depois de a última edição ter sido online.

São esperados cerca de 40 mil participantes — e muitos mais vão passar por Lisboa nos próximos sete anos, já que Paddy Cosgrave confirmou, esta terça-feira, que a cimeira tecnológica se vai manter em território luso. "Não acreditem em tudo o que leem nas redes sociais. Vamos estar por cá até 2028. Tem sido um sonho e estamos ansiosos pelos próximos sete anos", afirmou o cofundador da Web Summit.

"Quando cá chegamos sentimos que Lisboa era o filho negligenciado da Europa e, quatro ou cinco anos depois, Lisboa e Portugal tornaram-se o filho mais desejado. Toda a gente quer cá vir", acrescentou, numa ideia que foi já ontem referida pelo ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, ao defender que Portugal "é o lugar para viver e investir" e fazer negócio.

Ao segundo dia, já há muito a contar. Estas são algumas das histórias que vale a pena ler:

O que faz o Facebook. Frances Haugen, ex-funcionária e denunciante da empresa, é cabeça de cartaz da edição deste ano. Ontem, na sua intervenção, frisou que “há um padrão de comportamento no Facebook de colocar o lucro à frente da nossa segurança” — uma acusação que a rede social recusa.

Vidas negras importam. Ayo Tometi, uma das três co-fundadoras do movimento Black Lives Matter,  subiu ao palco principal da Web Summit para perguntar aos empreendedores, àqueles que veem na tecnologia uma oportunidade de criar um mundo melhor, de que lado da História querem estar.

Combater os abusos nas redes sociais. O antigo futebolista francês Thierry Henry apresentou hoje uma plataforma para apoio e denúncia deste tipo de casos. “Estes não são problemas de minorias, é um problema de todos. Não é só racismo, há discurso de ódio e ‘bullying’ em relação a muitas outras questões (...). Precisamos de estar juntos, unidos como uma família”, afirmou.

Trabalhar corpo e mente. Patrícia Mamona diz saber hoje lidar com a pressão, mas nem sempre foi assim. Aprendeu com os obstáculos que sofreu ao longo da carreira. Na cimeira tecnológica, falou sobre Força Mental e a relação umbilical entre corpo e mente: uma dupla que constrói o sucesso.

A política e a saúde. O epidemiologista norte-americano Dorry Segev, participante na Web Summit, considera que a “politização da saúde pública” foi “um erro” e explica, em parte, o surgimento dos movimentos antivacinas. Na sua intervenção apontou ainda erros à comunicação da mensagem sanitária. “Essa foi a coisa que fizemos mal. Gerámos um movimento forte e zangado”, lamenta.

Retórica de guerra. O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo enfatizou hoje a importância da adoção de uma retórica belicista no combate à pandemia de covid-19 enquanto coordenador do processo de vacinação. "Usei uma retórica de guerra em que o vírus era o inimigo, em que ou a pessoa estava connosco ou com o vírus. Penso que este plano de comunicação foi importante para as pessoas perceberem que não podiam ficar em casa sem vacinação", frisou.

Estas foram algumas das intervenções destes dois primeiros dias, mas no total, o evento de 2021 conta com a presença de 748 oradores, 1.333 conferências, 1.519 ‘startups’, das quais 70 ‘unicórnios’ [‘startup’ com valorização superior a mil milhões de dólares] e 872 investidores. Por isso, a Web Summit é a "maior reunião de empreendedores no mundo este ano" — e isto apesar de estarem contabilizadas cerca de menos 30 mil participantes do que na última edição presencial, em 2019.