A plataforma Compra Solidária é um dos sítios que agregam produtos, serviços e eventos. Desenvolvida “totalmente de forma voluntária”, já gerou “mais de 55 milhões de visualizações para as iniciativas das instituições”, bem como “vários milhares de euros”, ganhos que “variam muito de instituição para instituição”.
“Há, sem dúvida nenhuma, instituições que os portugueses têm mais tendência a apoiar” e que “correspondem geralmente a instituições que têm maior notoriedade ou em que a causa em si lhes é próxima”, explicou a fundadora do projeto, Joana Lobo.
A criadora da plataforma destacou a “grande adesão” aos produtos artesanais (como brincos, porta-chaves ou almofadas para cintos de segurança), salientando o seu “duplo impacto social positivo”: “São feitos no âmbito de projetos de integração ou reintegração social. Ou seja, há um impacto social na própria origem do produto”, sendo que, depois, “o valor vai reverter para a continuidade dos projetos”, gerando também “impacto social no destino”.
Joana Lobo esclareceu que a plataforma “não retém nenhuma parte do valor” quando são feitas compras ou donativos.
A UNICEF é uma das instituições presentes na plataforma Compra Solidária e tem vindo a registar aumentos nas ajudas.
“Desde o início da atividade do Comité Português para a UNICEF (criado em 1979) que a tendência sempre foi de crescimento”, explicou a diretora executiva da instituição em Portugal, Beatriz Imperatori, acrescentando que “a UNICEF, apesar de ser uma agência das Nações Unidas, é a única que não recebe qualquer financiamento da ONU e, por isso, depende inteiramente de contribuições voluntárias”.
Apesar da presença na plataforma Compra Solidária e de vender presentes no seu próprio ‘site’ (como cadernos, brinquedos e meias), a maior parte dos donativos à UNICEF são feitos através dos ‘Amigos da UNICEF’.
“São os nossos doadores regulares. O donativo pode ser desde mensal a anual e pode ter o valor que o doador desejar”, disse Beatriz Imperatori.
A diretora executiva considera que esta época, por ser “muito marcada pela solidariedade”, leva a que as pessoas estejam “mais sensíveis para as questões humanitárias porque sabem que há crianças e comunidades inteiras a viver situações muito difíceis”.
Estas situações levam também à criação de projetos que pretendem ir “mais além de um donativo anual ou do apadrinhamento de crianças”, como é o caso do Kutsaka.
O Kutsaka é um projeto de presentes solidários que nasceu de uma experiência de voluntariado e que consiste na produção de colares em capulana, um tecido tradicional moçambicano.
Em declarações à Lusa, a fundadora do projeto, Virgínia Coutinho, afirmou que o Kutsaka “é uma marca social em que 30% dos lucros são para apoiar projetos em Moçambique”.
Virgínia Coutinho fez voluntariado em Chokwé, na província de Gaza, e daí nasceu a vontade de criar um projeto que a mantivesse ligada ao país. Os objetivos passam por ajudar a economia local de Moçambique, além de ajudar uma associação portuguesa, a AIREV, onde são produzidos os colares.
"Todas as capulanas são compradas em Moçambique a comerciantes locais e pequenos comerciantes. Já temos uma rede de contactos que nos compram capulanas, geralmente vendedores de rua. O nosso principal objetivo é fomentar a economia local. A segunda vertente é que [as capulanas] são produzidas por uma associação de Vizela, que se chama AIREV. São jovens com deficiência, o que acaba por contribuir para eles criarem outro tipo de atividades dentro da sua organização e também é uma forma de manter essas pessoas ativas e envolvidas em alguns projetos”, frisou.
Questionadas sobre o número de donativos e de presentes solidários durante a época de Natal face ao resto do ano, as representantes são unânimes.
“Apesar de os portugueses serem sempre muito generosos, é nesta altura que nos chega a maior parte dos donativos”, esclareceu Beatriz Imperatori.
Também Joana Lobo refere que “há picos de interesse notórios na altura do Natal” e que “há um aumento mesmo muito grande do número de produtos e da rotatividade dos mesmos”.
Por sua vez, Virgínia Coutinho, considera que “é difícil fazer uma comparação” em termos de vendas, visto que este é apenas o segundo mês de dezembro desde a criação da marca. Porém, a fundadora do Kutsaka admite que “sendo um produto de moda, mas acima de tudo um produto solidário, sem dúvida que a altura do Natal é uma altura de pico”.
Comentários