As medidas “mais restritivas” implementadas pela Casa da Música, ainda antes das regras impostas pelo Ministério da Cultura, não impediram que hoje “amigos”, assinantes e espetadores marcassem presença na reabertura do espaço.~
Usando máscara, desinfetando as mãos e mantendo o distanciamento social, os mais de 170 espetadores iam entrando para assistir ao concerto da Orquestra Barroca.
Letícia Gandelim, de 29 anos, e Helen Soares, de 32 anos, naturais do Brasil, há muito que queriam ter conhecido a Casa da Música, mas a pandemia de covid-19 “atrasou o encontro”.
Assim que souberam que o espaço iria reabrir, as jovens, que chegaram ao Porto em fevereiro ao abrigo do programa Erasmus, não hesitaram em “aproveitar a oportunidade”.
“Quando entrei no ‘site’ já só tinha 19 vagas para o concerto, por isso, reservei logo. Tive amigos que nem conseguiram porque esgotou muito rápido”, frisou Helen Soares, adiantando sentir-se bastante segura no interior da Casa da Música.
Espalhados por diversos locais da Casa da Música estão postos de desinfetante, bem como setas, que indicam o distanciamento que as pessoas devem manter entre si.
Se para uns esta foi a grande oportunidade para conhecerem a Casa da Música, para outros foi a oportunidade de regressarem a um local que consideram “quase casa”.
Maria Soares, de 65 anos, é assinante, ou melhor, “amiga” da Casa da Música. A pandemia de covid-19 impediu-a de frequentar o espaço onde, habitualmente, vinha duas vezes por semana.
“Deixar de ter esta casa que nos recebe tão bem foi angustiante”, confessou, adiantando que além de um espaço cultural, este é “um lugar de convívio de amigos”.
Ver a Sala Suggia, onde outrora se sentaram mais de 1.200 espetadores, com 176 pessoas, é “ver a casa vazia”, afirmou Maria Soares, médica reformada, para quem as medidas implementadas para combater a pandemia de covid-19 “não são novidade”.
Na Sala Suggia, os espetadores permaneciam afastados com intervalo de duas cadeiras e entre as filas, bem como no palco, onde a distância entre os 15 músicos era notória.
Apesar de não ser “espetadora habitual”, Ana Amaro, 47 anos, teve “o prazer de receber um convite” para hoje assistir à Orquestra Barroca.
A última vez que esteve na Casa da Música foi em 22 de fevereiro, no concerto da banda inglesa Tindersticks. Agora, está “confiante por estar de volta”, mas admitiu ter ficado “triste com o espetáculo lá de fora”, onde um conjunto de trabalhadores precários da Casa da Música se juntaram numa vigília silenciosa.
“Só fachada não faz casa” e “Precários da casa fazem milagres”, eram alguns dos cartazes que este grupo de precários da Casa da Música silenciosamente segurava como forma de protesto contra o “silencio e a falta de resposta” da fundação que gere o espaço.
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