A posição foi transmitida hoje à Lusa pelo porta-voz da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), Alcides Sakala, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, ter admitido, em Luanda, que a visita de António Costa ao país poderá ocorrer ainda nesta primavera.
"Nós entendemos que é preciso muita, muita ponderação, porque se de um lado a cooperação entre Estados é necessária, por outro lado Angola está a viver um período de pré-campanha", disse Sakala.
A UNITA pretende desde já salvaguardar que as visitas - além do primeiro-ministro, também se prevê a posterior deslocação oficial do Presidente da República - "não configurem um apoio político ao partido no poder", num momento que é, defendeu, de "uma espécie de Governo de gestão" em Angola.
"É preciso muita ponderação relativamente a esses programas que eventualmente se venham a preparar, de visita ao nosso país. Angola está numa fase de transição e vivemos já um período muito intenso de pré-campanha", advertiu o porta-voz da UNITA.
"Queremos evitar o que aconteceu com o doutor Cavaco Silva em 1991, que, enquanto primeiro-ministro [português], foi utilizado pelo MPLA, apresentando-o num comício, no Moxico [província angolana]", recordou Sakala.
As eleições gerais em Angola estão previstas para agosto próximo e o cabeça-de-lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder desde 1975, será o atual ministro da Defesa Nacional, general João Lourenço, que inicia hoje, no Lubango, província da Huíla, a sua pré-campanha eleitoral.
No poder em Angola desde setembro de 1979, José Eduardo dos Santos já não será candidato do MPLA nestas eleições e não integra qualquer lista.
"Não colocamos em causa as relações entre os dois Estados, obviamente, mas os timings' têm que ser devidamente ponderados", concluiu o deputado e porta-voz da UNITA.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse, na segunda-feira, em Luanda, que a visita do primeiro-ministro de Portugal a Angola poderá ocorrer ainda nesta primavera, depois dos contactos efetuados durante a sua visita de três dias ao país.
Augusto Santos Silva manifestou a sua satisfação pelos resultados da visita, reiterando as relações "muito densas e ricas" entre os dois países, nas áreas político-diplomática e económica.
Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, a sua visita a Angola visou fazer a síntese de vários encontros setoriais, de preparação para a visita do primeiro-ministro, que por sua vez criará as condições para a visita de Estado do Presidente da República português.
"O que nós acertámos basicamente nas conversas havidas, quer a nível dos dois ministros das Relações Exteriores, quer depois na minha conversa na audiência que o Presidente da República me concedeu, o que nós conviemos foi que marcaríamos a visita para a primeira data possível. A minha expectativa é que a visita do primeiro-ministro de Portugal a Angola se realize ainda nesta primavera", referiu.
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