Nos arredores de Luanda, perante dezenas de milhares de pessoas, no último grande comício do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) antes das eleições de 23 de agosto, João Lourenço, vice-presidente do partido e candidato à eleição, indireta, para Presidente da República de Angola, agradeceu a presença de José Eduardo dos Santos, a primeira aparição pública de ambos desde fevereiro, quando foi anunciado como candidato à sucessão.
“Isto demonstra que o capitão da equipa nunca esteve ausente, comandou-a sempre e daí a razão do retumbante êxito que esta campanha conhece”, afirmou João Lourenço, sobre a presença no comício do Camama de José Eduardo dos Santos.
“Eu venho até aqui apenas para reiterar o meu apoio pessoal ao nosso candidato. Eu não tenho dúvidas que o MPLA vai ganhar as eleições. E ele, o nosso candidato, será eleito o próximo Presidente da República de Angola”, afirmou José Eduardo dos Santos, na curta intervenção que realizou no comício de hoje.
Referindo-se sempre a João Lourenço, general e seu ministro da Defesa, como “candidato” e nunca pelo nome, José Eduardo do Santos, que completa este mês 75 anos, afirmou que a “vitória” no dia 23 de agosto será construída em conjunto.
“Por isso, eu peço a todos que não faltem no dia 23 às assembleias de voto, não se esqueçam dos cartões de eleitor e votem no MPLA. No boletim de voto está a bandeira do MPLA e ao lado da bandeira um quadradinho onde deverão por um ‘x’. Não se enganem, porque isso é importante para construirmos a nossa vitória, a vitória do MPLA”, afirmou José Eduardo dos Santos, ausentando-se logo depois da tribuna, mesmo antes da intervenção de João Lourenço.
O comício de hoje juntou, em várias tribunas, todos os pesos pesados do MPLA, inclusive Marcolino Moco, antigo primeiro-ministro e crítico da liderança de José Eduardo dos Santos, e Fernando Heitor, um destacado ex-dirigente da UNITA que anunciou esta semana a saída do maior partido da oposição.
Num discurso de mais de uma hora, João Lourenço dedicou parte da intervenção aos elogios a José Eduardo dos Santos, chefe de Estado e presidente do MPLA há 38 anos, que nestas eleições não integra qualquer lista do partido, enaltecendo a “forma sábia e segura como está a conduzir este processo de transição”.
“Camarada presidente, é grande a responsabilidade que nos colocam sobre os ombros”, disse João Lourenço, que tenta assim suceder a José Eduardo dos Santos nas eleições de quarta-feira.
No fecho da campanha do MPLA em termos de grandes atos de massas – a campanha oficial em Angola termina na segunda-feira – Lourenço recordou a sua escolha por José Eduardo dos Santos, em 1983, então com 29 anos, que o “levou para governar o Moxico, no auge da batalha de Cangamba”, durante a guerra civil.
Uma confiança do líder do partido, disse, “que se renovou várias vezes”, até chegar a vice-presidente do partido do MPLA, em agosto de 2016.
“Acreditamos que a vossa aposta foi acertada, como o voto popular confirmará no dia 23 deste mês”, afirmou, prometendo que a partir de 23 de agosto Angola inicia “um novo ciclo, dentro da mesma família política”.
“Tudo faremos para merecer a vossa confiança e dos eleitores, dos cidadãos em geral, do programa de governação do MPLA e não defraudar a grande expectativa criada pela resolução dos principais problemas sociais. Iremos ao encontro dessas expectativas e acredito que não desapontaremos, muito obrigado camarada Presidente”, atirou.
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