A governante, que participou no painel sobre a Economia do Mar, no World Ocean Summit, em Bali, na Indonésia, explicou que “os novos modelos de negócio devem conseguir compatibilizar a rentabilidade atrativa com um desempenho ambiental positivo”.
Como exemplo, falou da recolha do lixo plástico marinho para aplicação no fabrico de novos produtos, transformando assim “os resíduos numa matéria-prima geradora de lucro e eliminando este problema ambiental dos oceanos”.
Em declarações à agência Lusa, na segunda-feira, 20 de fevereiro, antes de partir para a cimeira de Bali, Ana Paula Vitorino realçou o facto de Portugal ter como objetivo para os próximos dez anos aumentar a economia marítima, que representa 3,1% do Produto Interno Bruto português, aproveitando até 2020 para contar com o quadro comunitário de apoio atual.
“É muito pouco, porque o território marítimo representa mais de 90% do território nacional”, disse a ministra, embora tenha referido que iria explicar em Bali “a bondade da candidatura” portuguesa para a extensão da plataforma continental, pedida em 2009 e que vai ser discutida este ano nas Nações Unidas.
A ministra do Mar disse ainda na World Ocean Summit, que decorreu entre quarta e sexta-feira (22 a 24 de fevereiro) que Portugal está a promover “Port Tech Clusters” nos portos do país, estimulando a criação de ‘startups’ de base tecnológica que permitam às empresas beneficiar do acesso facilitado ao mar que os portos oferecem e de condições favoráveis para testar tecnologias marítimas que estão ainda em fases iniciais de desenvolvimento.
O evento, que foi organizado pela revista The Economist e decorreu desde a passada quarta-feira na capital indonésia, reuniu decisores políticos, empresas, Organizações Não-Governamentais (ONG) e cientistas de todo o mundo que discutiram temas relacionados com o financiamento de uma economia sustentável nos oceanos.
Durante o debate, em que foram abordadas questões de governação dos oceanos, Ana Paula Vitorino destacou a importância de Portugal ter criado um Ministério do Mar dotado de competências para assegurar coordenação transversal dos assuntos do mar, e do transporte marítimo e dos portos em particular, assegurando ainda a integração de políticas e a gestão dos fundos nacionais e europeus relativos ao mar, nomeadamente a criação do Fundo Azul.
Na intervenção, a ministra do Mar falou também do Roteiro para as Energias Renováveis Oceânicas, que visa criar um cluster industrial voltado para a exportação destas tecnologias.
Ana Paula Vitorino referiu também que “as energias renováveis do oceano têm potencial para suprir 25% das necessidades de geração elétrica de Portugal”.
À margem da conferência, a governante reuniu-se com empreendedores e investidores, além de divulgar as oportunidades de investimento em Portugal e o potencial de estabelecer parcerias “win-win” [em que ambos ganham] com centros de investigação e empresas nacionais.
A ministra do Mar realizou ainda encontros bilaterais com várias entidades internacionais, nomeadamente o secretário-geral da IMO (Organização Marítima Internacional), Kitack Lim, o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Peter Thomson, bem como o comissário europeu do Ambiente, Assuntos Marítimos e Pescas, Karmenu Vella, tendo estabelecido as linhas para “uma possível colaboração” com Portugal.
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