“A AI tomou uma decisão errada, que colocou em dúvida as nossas intenções e motivos num momento importante, e pede desculpa pelos impactos negativos que isso teve pessoalmente em Alexei Nalvany e nos ativistas na Rússia e em todo o mundo, que fazem campanha incansavelmente pela sua liberdade”, afirmou, em comunicado.
A organização de direitos humanos enfatizou que tem “um firme compromisso de lutar ativamente contra a injustiça e a opressão onde quer que ocorram” e que o facto de o Estado russo estar a condenar o líder da oposição “a uma morte lenta” deve “parar imediatamente”.
“Continuamos a instar todos a fazer campanha connosco para [conseguir] a libertação imediata e incondicional da prisão de Alexei Navalny e para o seu acesso a cuidados médicos especializados independentes”, frisou a Amnistia.
O opositor e ativista anticorrupção está a cumprir uma pena de dois anos e meio de prisão por ter alegadamente violado a liberdade condicional relativa a um processo antigo, tendo sido detido assim que regressou da Alemanha, em janeiro, onde esteve a recuperar de um envenenamento sofrido em agosto de 2020, ordenado, segundo denúncia, pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
Em 24 de fevereiro, a AI reconheceu que deixou de considerar Navalny um prisioneiro de consciência devido a “declarações feitas em 2007 e 2008″ que foram consideradas então como “uma defesa do ódio”.
O agora líder da oposição russa foi excluído em 2007 do partido liberal Yabloko por “atividades nacionalistas” e “danos à imagem do partido”, numa alusão às suas críticas à imigração e à participação em marchas ultranacionalistas russas.
“O Governo russo e os seus partidários vão utilizar essa decisão interna [da organização] para violar ainda mais os direitos de Navalny”, explicou a AI.
“Esse foi o auge da hipocrisia, vindo de um Governo que não só tentou matar Navalny envenenando-o, mas também levou a cabo atos sem escrúpulos durante as últimas duas décadas, incluindo torturas, desaparecimentos forçados e repressão generalizada das liberdades políticas na Rússia e no estrangeiro, assim como crimes de guerra na Síria”, referiu a organização.
Por isso, a AI decidiu que não vai excluir “nenhuma pessoa pelo seu comportamento no passado”, já que este pode evoluir e mudar ao longo dos anos e esclareceu que, ao designar uma pessoa como prisioneiro de consciência, isso não significa que esteja de acordo com as suas opiniões.
“Algumas das declarações anteriores de Navalny são reprováveis e não as toleramos minimamente”, insistiu a organização não-governamental.
No entanto, sublinhou, “Alexei Navalny não foi preso por nenhum crime reconhecível, mas por exigir o direito à participação igualitária na vida pública e por exigir um governo livre de corrupção”.
“Esses são atos de consciência e devem ser reconhecidos como tal”, afirmou a Amnistia Internacional.
Apesar disso, o Presidente e o Governo russo “estão a restringir a liberdade política e a atuar com uma repressão brutal contra qualquer um que procure responsabilização e justiça”.
“São eles os que escolhem deliberadamente agir sem qualquer traço de consciência”, enfatizou.
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