De acordo com o relatório divulgado hoje, em vésperas da cimeira de Madrid, na qual será discutido o reforço dos investimentos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) à luz da agressão militar russa à Ucrânia, este é o oitavo ano consecutivo em que os Aliados europeus e o Canadá aumentam as despesas em Defesa desde que, em 2014, os membros da Aliança se comprometeram em investir 2% dos respetivos Produtos Internos Brutos (PIB) nesta área.
Ainda apenas com base em estimativas, o documento projeta que no corrente ano os países membros da organização aumentem as despesas 1,2% face a 2021, mesmo assim o crescimento anual mais baixo dos últimos oito anos (no ano passado, por exemplo, o aumento face a 2020 foi de 3,1% e em 2020 o crescimento face a 2019 foi de 4,9%).
Segundo as estimativas, nove países atingem ou ultrapassam este ano a meta dos 2% do PIB consagrados à Defesa — Grécia, Estados Unidos, Polónia, Lituânia, Estónia, Reino Unido, Letónia, Croácia e Eslováquia -, meta da qual Portugal ainda está distante, com os seus 1,44%, o mesmo valor da Alemanha e, ainda assim, acima de países como o Canadá (1,27%) e Espanha (1,01%).
Em setembro de 2014, poucos meses após a anexação da Crimeia pela Rússia, os líderes da NATO, reunidos em cimeira no País de Gales, traçaram a meta dos 2% e, nesse âmbito, Portugal estabeleceu um plano de reforço do seu investimento segundo o qual, em 2024, seria consagrado 1,68% do PIB nacional à Defesa, objetivo que o Governo já admitiu que terá de ser repensado, face à nova realidade geopolítica e aos atuais desafios em termos de segurança e defesa.
“Hoje, estamos a divulgar novos números relativos às despesas com a defesa, que mostram que 2022 será o oitavo ano consecutivo de aumentos entre os Aliados europeus e o Canadá. No final do ano, terão investido bem mais de 350 mil milhões de dólares norte-americanos suplementares (mais de 330 mil milhões de euros) desde que acordámos o nosso compromisso de investimento na defesa em 2014”, comentou hoje o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.
Fazendo um ‘apanhado’ da situação entre os Aliados, o dirigente norueguês apontou que “nove atingem atualmente ou excedem o objetivo de 2%, 19 têm planos concretos para o alcançar até 2024 e cinco outros têm compromissos claros no sentido de o cumprirem numa data posterior”, mas sublinhou que a referência dos 2% do PIB “é cada vez mais considerado o valor mínimo e não o máximo”, face às necessidades atuais.
Os países membro da NATO ficaram de apresentar a tempo da cimeira de Madrid, na quarta-feira e quinta-feira, planos mais detalhados sobre como tencionam cumprir os compromissos de investimento em Defesa.
Em abril passado, o primeiro-ministro, António Costa, indicou haver um calendário internacionalmente acordado para evolução do investimento em Defesa ao longo dos próximos anos, mas adiantou existirem “duas metas”, em função da capacidade que Portugal tiver de mobilizar recursos do Fundo Europeu de Defesa.
Comentários