A mesa 202, em Santa Isabel, foi um desses casos, e só abriu às 09:00 locais, constatou a Lusa no local.
O boletim de voto em falta era o do partido Juntos Podemos.
Na Guiné Equatorial são dados um boletim por cada partido aos eleitores, que depois colocam o escolhido num envelope que entregam na mesa de voto, colocando os outros no lixo.
De camisa vermelha, calções e chinelos nos pés, Maurício Povono Assung acabou de votar no café “Barcelona por la tarde”, em Santa Isabel, que hoje está fechado por causa das eleições.
“A democracia é fenomenal e o país melhorou muito com a democracia”, disse, em declarações à Lusa, enquanto tentava limpar com álcool do dedo a tinta com que colocou uma impressão digital no seu cartão de eleitor, comprovativo de que já tinha votado.
Este fim de semana, por causa das eleições, não se pode vender álcool na Guiné Equatorial e hoje não se pode circular de carro.
As mesas de voto estão espalhadas pelos bairros.
“Isto é uma boa solução, porque podemos votar perto de casa e depois podemos ir à igreja para rezar pelo futuro da Guiné”, acrescentou Assung.
As eleições legislativas e autárquicas de hoje reforçam o poder presidencial do Presidente Teodoro Obiang Nguema, no poder desde 1979.
O partido governamental, Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), tem 99 dos 100 assentos do atual parlamento que terá um novo modelo, mas tudo indica que a vitória esmagadora deverá manter-se.
Apesar de o país ter 1,2 milhões de habitantes, estão registados somente 300 mil eleitores, uma questão que preocupa os observadores internacionais e a oposição que acusa o Governo de não estar interessado no recenseamento das pessoas.
Concorrem à Câmara de Deputados (câmara baixa), Senado (câmara alta) e às autarquias do país uma coligação alargada liderada pelo Partido Democrático da Guiné Equatorial, a coligação Juntos Podemos (que junta a Convergência para a Democracia Social e a União do Centro Democrático) e o partido Cidadãos pela Inovação, que foi criado a partir de exilados políticos e está legalizado no país desde há dois anos.
A Guiné Equatorial é um país-membro da CPLP desde 2014 apesar de ninguém falar português no país.
Antiga colónia portuguesa até 1777 (então conhecida como Fernando Pó), o governo elevou o português a língua oficial e comprometeu-se a incrementar o seu ensino - coisa que até agora não fez - e a proibir a pena de morte - algo que ainda não está regulamentado.
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